Literatura comparada como instrumento de investigação
Por Prof. Nathan Valentim, graduado em Letras-Literatura, membro da AILB, membro da NALAP e membro da ALTO
A literatura comparada é um importantíssimo instrumento que fornece ar para os críticos literários. Bem como, é a verificação de semelhanças entre muitas literaturas que há. Na Obra de Romeu e Julieta, de William Shakespeare e o romance Inocência de Visconde de Taunay.
Ao lermos o romance de Taunay, nos depararemos com vestígios da peça escrita por Shakespeare, enfatizando um diálogo intertextual. Na escrita de Shakespeare, Romeu admira a beleza de Julieta, por quem se apaixona ao vê-la dançando com Páris, enquanto que no texto de Taunay, Inocência entrelaça o olhar com Cirino e é atingida pela emoção intensa do primeiro amor. Grosso modo, da tradução intertextual podemos indagar que enquanto Romeu admirava a figura de Julieta, em Inocência percebe-se uma descrição mais concreta e próxima de nossa cultura. De modo que o autor Taunay puxasse para si a atenção do leitor brasileiro. Portanto, assim fazendo uma incrível comparação entre o romance e a peça. Ao analisarmos a citada obra brasileira, veremos aspectos do Romantismo, como a idealização do amor e o final trágico. É oportuno observar que na obra de Taunay, teremos traços que fugirão da obra de Shakespeare, como a falta de rivalidade entre as famílias, longitude do eu poético nos diálogos, fugindo, portanto, do parnasianismo. Ainda é possível notar a inversão de riqueza dos personagens, em Shakespeare, Julieta será de uma família rica, enquanto que em Taunay, Inocência será de família pobre. Conforme registra-se: “ Sou uma pobre menina, que não tem mãe desde de criancinha…] “, diferentemente do desfecho em Shakespeare, na obra de Taunay, os dois morrem em cenários distintos. Um levado pelo desejo de vingança e outro de extrema tristeza em ter que se casar com o asqueroso Manecão. Deste modo, a literatura comparado mostra-se crucial no entendimento de obras brasileiras a partir de uma investigação das obras clássicas da literatura mundial. Muitos profissionais da saúde, advocacia e dos várias nichos fazem uso desta ferramenta comparativa sem ao menos perceberem que seu início se deu na França em 1830, numa época que a Literatura Francesa exercia alta influência. No mesmo período o escrito alemão Goethe nomeou o termo “ Weltliteratur “que significa “ literatura mundial “, fazendo uma distinção ao termo “ literatura Comparada”. Portanto, a declaração de REMAK, 1994, o. 175) acrescenta o seguinte: “ A literatura Comparada é um estudo da literatura além das fronteiras de um país específico e o estudo das relações entre, por um lado, a literatura, e, por outro, diferentes áreas do conhecimento e da crença, tais como as artes (…), a filosofia, a história, as ciências, a religião etc. Em suma, é a comparação de uma literatura com outra ou outras e a comparação da literatura com outras esferas da expressão humana.”
Fontes:
CARVALHAL, Tânia Franco. Literatura comparada. 4ª. ed. rev. e ampliada. São Paulo: Editora Ática, 2006.
VALITTERA – REVISTA LITERÁRIA DOS ACADÊMICOS DE LETRAS, 1(2), 150–169. Recuperado de https://periodicosonline.uems.br/index.php/valit/article/view/4250