Zona da Mata defende articulação contra o narcotráfico

Juiz de Fora tem alta nos números de prisões por tráfico e transfere líderes do PCC, que estão em disputa com o Comando Vermelho na cidade.

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Remanejamento de presos, incremento no uso de inteligência e de tecnologias e criação de força-tarefa. A reação das forças policiais e de outras instituições da Zona da Mata, especialmente de Juiz de Fora, está ligada ao avanço do narcotráfico na região e à disputa de organizações criminosas, o que tem elevado o número de ocorrências.

As prisões por tráfico de drogas, por exemplo, saltaram de 670 em 2022 para 1.118 neste ano, segundo a Polícia Militar. A situação preocupa autoridades, que debateram possíveis soluções em audiência da Comissão de Prevenção e Combate ao Uso de Crack e Outras Drogas da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta segunda-feira (6/11/23), em Juiz de Fora.




A deputada Delegada Sheila (PL), autora do requerimento para a reunião, citou as notícias sobre assassinatos no sistema prisional da cidade, em decorrência de disputas de facções. “É uma realidade que nos preocupa. Historicamente os presídios são nascedouros de fações criminosas”, reforçou.

A proximidade com o Rio de Janeiro e a crise da segurança naquela cidade, de acordo com a parlamentar, também são pontos de atenção. “É comum que quadrilhas e facções migrem suas atividades para o entorno. Aqui temos muitas estradas vicinais, muita área rural, onde é fácil esconder drogas e armas. E vem a tendência da divisão e rivalidade de bairros”, aponta.




O comandante da 4º Região Militar de Juiz de Fora, coronel Marco Aurélio Zancanela do Carmo, confirmou que bandidos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, chegaram a Juiz de Fora a partir de 2020. Historicamente, segundo ele, habitantes da Zona da Mata compravam drogas de fornecedores do Comando Vermelho, do Rio de Janeiro. Em 2022, começou a disputa entre os bairros Santo Antônio e Vila Ideal.

“Se você tem uma facção atuando, há uma tendência de disputa. A disputa fora da lei envolve homicídios, e começa uma onda de crimes”, afirmou. Ele defendeu a integração não apenas de ações e operações, mas principalmente de informações, para potencializar a chance de combate à criminalidade. A PM, segundo o coronel, tem feito ocupações nos bairros atingidos e está usando a tecnologia para conter essas ações.




Entre janeiro e outubro de 2023, foram realizadas, segundo a PM, 7.296 prisões, contra 5.382 no mesmo período de 2022. As prisões por crimes violentos ficaram em 241, contra 205 anteriormente. A apreensão de armas de fogo também cresceu nessa comparação, de 238 para 294.

Esse esforço resultou em queda no número de crimes violentos de 729 para 641 e de furtos. Os homicídios, segundo Zancanela, cresceram de 50 para 63, mas a tendência de alta já foi arrefecida.




Presos estão sendo separados

Criminosos ligados ao Comando Vermelho, que são em maior número, estão permanecendo em Juiz de Fora. Já os do PCC estão sendo transferidos para outras cidades, como Uberlândia e Uberaba, no Triângulo, e Patos de Minas, no Alto Paranaíba. As informações são do diretor regional da Polícia Penal da 4º região, Jefferson de Alcântara, que trata a medida como preventiva.

“Chegamos a ter conflitos, mas isso ainda está em apuração. Mas antes que houvesse outros problemas no complexo penitenciário de Juiz de Fora, optamos por separar”, afirmou. Também foi aberto, segundo ele, um pavilhão em Muriaé, na Zona da Mata, para abrigar os líderes do Comando Vermelho. A 4ª região, de acordo com Jefferson Alcântara, tem 3.701 vagas e 5.400 presos.




Força-tarefa

A força-tarefa que atua na cidade há cinco meses, formada por policiais civis de toda a região e com apoio de outras força policiais, já cumpriu vários mandados, fez apreensão de drogas e armas e até evitou sequestro. “Fizemos mapeamento das situações mais críticas e já tivemos bons resultados”, afirmou o delegado Márcio Rocha, coordenador do grupo, sem especificar os dados.

“A força-tarefa tem o objetivo de reprimir qualquer organização paraestatal que poventura esteja tentando se infiltrar ou trabalhar em Juiz de Fora”, reforçou o superintendente de Investigação e Polícia Judiciária da Polícia Civil, Júlio Wilke. Segundo ele, porém, todas as regiões da cidade estão sob controle do Estado e a força-tarefa é uma opção para “qualquer região fronteiriça ou que precise de um olhar mais atento”.




O chefe do 4º Departamento da Polícia Civi, Eurico da Cunha Neto, também afirmou que a corporação está trabalhando para manter Juiz de Fora como uma cidade pacífica e tranquila. Segundo ele, a Delegacia de Homicídios foi reforçada, apurações estão mais detalhadas e já houve, inclusive, operação com o laboratório de lavagem de dinheiro, para atingir o financiamento do tráfico.

Segundo Eurico Cunha, os sinais de disputa entre facções externas em Juiz de Fora não estão confirmados, mas é preciso combater esse sinais para que não prosperem. Um ponto de cuidado, segundo ele, é a população carcerária. “O preso vem, vem o comparsa”, explica. Segundo ele, a Polícia Civil trabalha hoje com muita inteligência, justamente para tentar sufocar qualquer tentatvia do crime de tentar ocupar espaço e fazer dinheiro em Juiz de Fora.




Fonte: ALMG




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