Duas pessoas são intoxicadas com paracetamol por dia em MG
Entre 2021 e outubro de 2024, o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, atendeu mais de 2.700 pacientes intoxicados por paracetamol. No entanto, esse número pode ser ainda maior devido à subnotificação de casos, um fenômeno observado em diversas partes do mundo. A facilidade de acesso ao medicamento sem prescrição médica e seu uso indiscriminado são apontados como fatores preocupantes.
O coordenador da toxicologia do Hospital João XXIII, Adebal de Andrade Filho, afirma que a situação é semelhante em várias regiões do mundo, como na Europa e nos Estados Unidos. “O problema está na compra sem receita. As pessoas acabam estocando o medicamento em casa, e em caso de superdosagem, que ocorre com a ingestão de mais de quatro gramas, há um risco tóxico para o organismo”, explicou. No Brasil, comprimidos de até 1 grama são comuns, e uma dose acima de quatro comprimidos pode ser prejudicial.
A intoxicação por paracetamol ocorre quando a ingestão supera o limite seguro, podendo afetar principalmente o fígado e os rins. “Quando o consumo ultrapassa quatro gramas, a toxicidade pode gerar sérios danos, especialmente ao fígado, que é o órgão mais atingido”, ressaltou o médico.
Vulnerabilidade em diferentes faixas etárias
Segundo Andrade Filho, o risco de intoxicação por paracetamol não se limita a uma faixa etária específica. Crianças, adultos e idosos são suscetíveis a diferentes formas de intoxicação. “Medicamentos pediátricos, como antigripais, muitas vezes contêm paracetamol, e alguns possuem sabores que atraem as crianças, levando à ingestão acidental”, explicou. Embora a dose tóxica para crianças seja relativamente baixa, a intoxicação pode ocorrer em qualquer idade.
No caso dos idosos, o risco é agravado devido à diminuição da capacidade de funcionamento do fígado. “Pacientes com reserva hepática reduzida, como os idosos, são mais vulneráveis, mesmo com doses menores do medicamento”, alertou Andrade Filho.
Sintomas e evolução da intoxicação
Os primeiros sinais de intoxicação por paracetamol podem surgir nas primeiras 24 horas após a ingestão excessiva, com sintomas leves, como desconforto gástrico ou dor no estômago. “Após esse período, podem ocorrer vômitos, dores de cabeça e, em casos mais graves, comprometimento do fígado e dos rins”, informou o médico. Se não tratada adequadamente, a intoxicação pode evoluir para uma hepatite fulminante, com risco de sangramento e insuficiência hepática, especialmente após 96 horas de exposição ao agente tóxico.
O Hospital João XXIII oferece atendimento especializado para casos de intoxicação, inclusive com um serviço de orientação 24 horas por telefone, destinado a esclarecer dúvidas e fornecer orientações sobre como proceder em situações emergenciais.
Esses números acendem um alerta para a necessidade de um uso mais consciente de medicamentos amplamente acessíveis, como o paracetamol, cujo consumo inadequado pode trazer sérias consequências à saúde.
Fonte: Guia Muriaé, com informações da Rádio Itatiaia