Pé-de-Meia pode chegar a universitários com saque mensal e poupança para resgate na conclusão do curso
O Ministério da Educação (MEC) estuda a ampliação do programa “Pé-de-Meia” para o ensino superior, em um esforço para incentivar a permanência de estudantes universitários em situação de vulnerabilidade econômica.
Em entrevista recente, o ministro Camilo Santana afirmou que o governo desenvolve alternativas para reduzir a evasão no ensino superior, oferecendo um suporte financeiro que inclui uma bolsa mensal e uma poupança, resgatável na conclusão do curso.
O modelo universitário em análise se inspira no “Pé-de-Meia” para alunos do ensino médio, que oferece um auxílio mensal de R$ 200 vinculado à frequência e aprovação escolar, além de um depósito adicional de R$ 1.000 ao final de cada ano, acessível apenas ao término da etapa escolar. Esse valor atua como uma poupança e é corrigido anualmente. Com esse formato, o MEC busca assegurar que estudantes permaneçam nos cursos e concluam seus estudos.
No entanto, a proposta ainda passa por avaliações jurídicas e econômicas dentro do MEC, especialmente para assegurar a viabilidade de destinar recursos a estudantes universitários de baixa renda. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicou que parte do orçamento de 2025 do MEC pode ser utilizada para este fim, caso se opte pela implementação do programa, sem substituir outras bolsas existentes, como o Bolsa Permanência, voltado a estudantes em vulnerabilidade social, principalmente indígenas e quilombolas matriculados em universidades e institutos federais.
“A assistência estudantil pode ocorrer de várias formas. Uma delas é através de moradias e restaurantes universitários, além de bolsas permanência, todas fundamentais para a manutenção do estudante no curso”, disse Haddad. O custo do novo programa, entretanto, ainda é incerto, uma vez que o valor exato da bolsa e da poupança mensal para universitários não foi definido.
Para Camilo Santana, a criação do “Pé-de-Meia Universitário” surge como uma possível solução para combater as dificuldades financeiras enfrentadas por muitos jovens, que, segundo o ministro, são causas recorrentes de abandono de curso. “Estamos mapeando as dificuldades para criar um programa de apoio ao estudante universitário, uma proposta a ser apresentada ao presidente,” disse Santana. Ele destacou que o programa pode ajudar a remover barreiras e permitir que os alunos de baixa renda concluam o ensino superior, realizando seu sonho de obter um diploma.
A equipe do MEC também considera a possibilidade de direcionar a iniciativa para cursos de licenciatura em áreas que enfrentam déficit de profissionais, como matemática, física, química, biologia e português. Dessa forma, o programa também serviria como um incentivo para a formação de professores em disciplinas de alta demanda nas redes de ensino do país.
Para Fernando Haddad, o investimento em assistência estudantil é justificado pela redução dos altos índices de evasão, que impactam especialmente alunos de baixa renda. Segundo o ministro, “é mais econômico apoiar a permanência do estudante do que perder um jovem que poderia concluir o curso e contribuir com o país.”
O projeto ainda está em fase preliminar de discussão e depende de estudos complementares sobre a eficácia de instrumentos como o “Pé-de-Meia” na graduação, uma vez que os resultados no ensino médio são positivos, mas ainda não há dados sólidos que confirmem a aplicabilidade para universitários.
Fonte: Guia Muriaé, com informações do Jornal Globo