Estudante de Viçosa é a única de escola pública do país a obter nota mil na redação do Enem

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Samille estava na academia na manhã desta segunda-feira (13), quando a mãe ligou dizendo: “filha, você é nota mil”. A esperada nota do Enem havia sido divulgada. Samille tinha ido malhar justamente para conter a ansiedade do que viria. “Eu esperava ter ido bem, mas a nota máxima na redação foi uma surpresa para mim, porque sempre fui melhor em exatas”, disse a única estudante de uma escola pública do país a alcançar a nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024.

Em 2020, aos 16 anos, Samille Leão Malta saiu da pequena cidade de Virginópolis, no interior de Minas, para estudar no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa (CAp-Coluni). “Era um sonho passar no Coluni, não apenas por ser a melhor escola pública do país, mas também pelos eventos, gincanas e jogos que eu conhecia pela fama”, lembrou Samille.

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No Coluni, Samille fez “os melhores amigos da vida” e aprendeu a estudar de uma forma diferente. “O ambiente do colégio, por estar dentro de uma Universidade, transforma a maneira de vermos a rotina de estudos. Nós estudamos e aprendemos o tempo todo, não apenas na sala de aula, mas no dia a dia da escola, às vezes até sem perceber que estamos aprendendo”, afirma.

A redação nota mil foi resultado dessa imersão no mundo dos estudos. “Eu tinha dificuldades em me expressar, fiz cursinho de redação, aprendi as fórmulas, mas o que me valeu muito foi o conteúdo que aprendi nas aulas de história, geografia e outras matérias. Aprendi a sentir o tema, a refletir sobre ele e a ter senso crítico sobre as coisas da vida. Isso fez a diferença na minha redação”.

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Foi relembrando as aulas de história sobre a escravidão dos negros no Brasil e a visão crítica sobre o racismo e os valores multiculturais, discutidos em muitas matérias, que Samille fechou o tema Desafios para a valorização da herança africana no Brasil, proposto para o Enem. “Infelizmente no Brasil as escolas não mostram que muitos de nossos hábitos vêm da cultura africana e nem os governos valorizam as tradições, as crenças e as manifestações artísticas da cultura negra”, escreveu na redação.

Com a nota mil obtida e um ótimo desempenho em outras matérias, Samille acredita que está muito perto de entrar para o tão sonhado curso de Medicina. “Ainda não sei onde vou estudar, vai depender das notas do Sisu, mas com certeza, será numa universidade pública tão boa quanto a UFV. Agora eu só posso dizer que estou muito feliz”, destacou Samille.

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Para a diretora do CAp-Coluni, Alessandra Tostes, o desempenho da estudante Samille representa a valorização da escola e da universidade públicas como campos de atuação de uma equipe escolar comprometida a oferta de uma educação e um ensino a partir das realidades do país. “Referenciando nossa história, estimulamos os estudantes a desenvolverem habilidades e capacidades que contribuam para melhorar o mundo”, disse a diretora.

Fonte: UFV

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