Coluna do Carlos Cerqueira – Homeopatia: em busca de respostas

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A homeopatia, do grego homoios, “semelhante”, e pathos, “patologia, doença” surgiu em 1796, pelo médico alemão Samuel Hahnemann (1755-1843), sendo introduzida no Brasil em 1840 pelo médico francês Benoit Mure, originando mais de um século depois, a 1ª edição da Farmacopéia Homeopática Braslieira, em 1965.

A partir de 2006 a terapia foi autorizada pelo Ministério da Saúde, na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), para ser usada no Sistema Único de Saúde (SUS), a exemplo da prefeitura de Macaé/RJ que executou ações de combate a dengue, as quais foram destaques em eventos científicos como o XXIX Congresso Brasileiro de Homeopatia, em São Paulo e o Congresso Mundial de Epidemiologia, no Rio Grande do Sul, sendo também apresentadas no programa Globo Repórter.




Dados da Secretaria de Saúde mostram que houve uma redução de 65% no número de casos confirmados em 2008 em relação ao ano anterior. A coordenadora geral de Saúde, Laila Nunes, responsável pela elaboração do projeto, ressalta que a incidência da doença, no primeiro trimestre de 2008, teve queda de 93% quando comparada ao mesmo período de 2007, enquanto no estado houve aumento de 128% na incidência, o que confirma a eficácia do tratamento homeopático também em processos epidêmicos.

Os tratamentos individualizados são um dos grandes diferenciais da homeopatia, na contra-mão da era das especializações, segue a filosofia de tratar o ser vivo como um todo e não só as partes, apoiando-se na antiga premissa de que “não existem doenças e sim doentes”. Considera o sintoma da doença uma manifestação do corpo em busca da restauração da sua saúde, tal sintoma serve de indicação para o tratamento a ser feito. Os princípios homeopáticos “semelhante cura semelhante”; “doses mínimas e dinamizadas”; “experimentação no homem sadio”; partem da premissa de que substâncias capazes de gerar um adoecimento numa pessoa sadia, servem para curar, caso sejam administradas em doses ultra-diluídas ao doente.




Nas diluições e dinamizações (agitações vigorosas das soluções sobre um anteparo), se encontram o principal motivo de polêmica: os opositores criticam a ausência de moléculas e os homeopatas defendem que, no decorrer do processo de fabricação desses medicamentos, a matéria-prima usada transfere para as moléculas de água e álcool uma frequência ou “assinatura vibracional”, e que esta permanece atuando, mesmo na ausência da matéria-prima original. Apesar da ciência não ter ainda conseguido desvendar definitivamente o mecanismo no qual isso ocorre, várias tentativas vêm buscando essa explicação.

A farmacologista Madeleine Ennis, da Queen`s University de Belfast, a princípio uma descrente em relação ao assusto, se surpreendeu com soluções ultra-diluídas de histamina, a ponto de só restar água na solução, que mesmo assim interagiram com basófilos, células ligadas a processos inflamatórios. “Eu sempre dizia que homeopatia era baboseira. Mas os resultados positivos que acabei encontrado, não foram exatamente o que eu esperava” confessou a pesquisadora.




Luc Montaigner, ganhador do prêmio Nobel de Medicina em 2008, também é um dos estudiosos da homeopatia: “Certas diluições em água nas quais não resta nenhuma matéria ainda assim registram vibrações. Esta diluição pode reconstruir a informação genética da matéria. É uma informação instrutiva da qual a homeopatia mantêm uma memória, embora muitos críticos dizem que não há nada. Mas há alguma coisa. Nós demonstramos que a água tem estruturas que são induzidas por vibrações eletromagnéticas”

Foi também realizando experiências com campos magnéticos, que pesquisadores da Universidade Federal de Campinas (UNICAMP) chegaram a interessantes descobertas. O coordenador da pesquisa, José Fernado Greogori Faigle, descreve o experimento: “Colocamos em um campo magnético um frasco de água e outro de atropina (molécula responsável por dilatação ocular). Deixamos por algum tempo. Depois pingamos esta água, que estava junto com a substância (atropina), nos olhos dos animais. Os resultados apresentados foram os mesmos de quando colocamos a atropina pura.” Ou seja, de alguma maneira a informação farmacológica da molécula foi transferida para a água pura! “Estamos comprovando que o soluto realmente funciona, o que resulta em maior credibilidade para a homeopatia.” concluiu Faigle.




Outra universidade brasileira com muitos trabalhos na área é a federal de Viçosa (UVF), até 2011 foram 28 teses/dissertações de pós-graduação concluídas, possui ainda, um projeto desde 1998, coordenado pelo professor Vicente Wagner Casali, auxiliando agricultores na substituição de agrotóxicos por produtos homeopáticos nas lavouras, gerando alimentos mais saudáveis e naturais.

Comprovada ou não, essa terapêutica segue sendo muito usada em humanos, além de animais e vegetais. Como disse Harald Walach, psicólogo da Universidade de Northampton, na Inglaterra: “enquanto não se consegue explicar o princípio físico da homeopatia, o importante é que a terapia funcione na prática”.




Autor: Carlos Cerqueira Magalhães – Farmacêutico, M.e em Ciências Farmacêuticas (Produtos Naturais Bioativos) pela UFJF




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