Vieiras, Patrocínio de Muriaé, São Francisco do Glória e Miradouro são destaque no cultivo de peixes ornamentais
A piscicultura tem comprovado ser uma relevante e promissora alternativa para a geração de emprego e renda em Minas Gerais. Para explorar este potencial e atrair o interesse de pescadores e pequenos produtores rurais, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), com o apoio da Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), investe em estudos para o desenvolvimento da pesca intensiva nas represas de Três Marias (Central), Furnas (Sul) e Nova Ponte (Triângulo Mineiro).
Os reservatórios das hidrelétricas são considerados ambientes adequados para a criação de tilápias do Nilo em tanques-rede. “O cultivo da espécie nas represas mineiras iniciou-se há 12 anos e está em franca expansão”, comenta a pesquisadora da Epamig, Elizabeth Lomelino Cardoso. “Houve crescimento do número de piscicultores, foi desenvolvida a larvicultura e implantadas indústrias de processamento e frigoríficos”, exemplifica.
Em uma área total de 50.000 m2 de tanques-rede, 250 piscicultores produzem 13 mil toneladas anuais de tilápias, com valor comercial próximo a R$ 70 milhões, nos três reservatórios. Considerando o cultivo em lagoas e pequenos açudes de propriedades rurais e em outros reservatórios, é provável que a produção total no Estado atinja 20 mil toneladas anuais, segundo a Epamig.
Jorge Vieira Barbosa é apenas um dentre as dezenas de piscicultores mineiros favorecidos pela expansão do segmento no Estado. Proprietário da Aquaporto, instalada na região de Furnas, Jorge comercializa, sobretudo, alevinos (filhotes de tilápia). A produção mensal de alevinos da Aquaporto pode chegar até 3 milhões em temporadas de alta. De 2011 para 2012, a cultura avançou cerca de 400%. Para 2013, o piscicultor projeta um incremento de 150% nos negócios da empresa.
“Isso acontece graças ao aumento do consumo de peixe. O mineiro reconhece na tilápia um produto saudável. A proteína do peixe e o filé sem espinha, que facilita o preparo, são outros diferenciais”, aponta Jorge. O piscicultor fornece alevinos para diversas empresas e associações que fazem a cria, a engorda e a comercialização do peixe. Ao todo, são mais de 300 clientes no Brasil, concentrados em Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.
Prontos para crescer
Para aumentar a produtividade e alcançar novos mercados, os piscicultores dos três reservatórios contam com o apoio da Epamig, que fornece os dados das pesquisas, oferece capacitação técnica aos pescadores e monitora a qualidade da água. “O principal objetivo é gerar e transferir tecnologias para o produtor”, destaca a pesquisadora Elizabeth Lomelino, da Epamig.
Outro aspecto que tem contribuído para o progresso do setor é o melhoramento genético dos alevinos. Marco Túlio Diniz Peixoto, proprietário da Comercial Multi Fish, instalada na região de Três Marias, investe na criação de novas linhagens da espécie, mais produtivas e resistentes. Somente em 2013, a Comercial Multi Fish, que já adquiriu uma nova fazenda no final de 2012, vai investir R$ 1,5 milhão em melhoramento genético, infraestrutura, tecnologia. A meta é aumentar a produção mensal para 2 milhões de alevinos em 2014.
Marco também é associado de uma cooperativa, que produz cerca de 303 toneladas de tilápia por mês. Com a demanda crescente dos mercados de Goiás e São Paulo, a cooperativa adquiriu tanques maiores. Antes, eles eram de 9 m2. Os novos são de 16 m2 e 18 m2. “Estamos em processo de evolução. Investimos em tanque, na melhora do controle sanitário, climatização, automatização e tecnologia para determinar uma produção constante durante todo o ano”, comenta Marco.
Produção diversificada
O cultivo de peixes ornamentais na Zona da Mata mineira é outro segmento da piscicultura de Minas Gerais que tem se destacado no cenário nacional. Segundo análise da Epamig, acredita-se que a região seja o maior polo produtor brasileiro de peixe ornamental, com destaque para os municípios de Vieiras, Patrocínio de Muriaé, São Francisco do Glória e Miradouro.
Estima-se que existam, na região, mais de 350 produtores, prevalecendo pequenos criatórios, com média de dois a três hectares cada. A produção anual é de cerca de 950 mil unidades em 4.500 tanques, destacando-se as espécies beta, acará-bandeira, tricogaster, barbus-tigre, tetra, mexirica e guppy.
Segundo estudo do Ministério da Pesca e da Aquicultura (MPA), a atividade, de baixo custo de produção e operado em regime familiar, é importante para a geração de renda na região, fazendo com que o trabalhador rural tenha um meio de sustento digno, auxiliando, assim, sua permanência no campo.
Pesca no Brasil
De acordo com o Boletim Estatístico do MPA, de 2012, último divulgado pela instituição a produção de pescado do Brasil, em 2010, foi de 1.264.765 toneladas, registrando um incremento de 2% em relação a 2009. A pesca extrativa continuou sendo a principal fonte de produção do pescado nacional, sendo responsável por 536.455 toneladas (42,4%), seguida pela aquicultura continental (31,2%), pesca extrativa continental (19,7%) e aquicultura marinha (6,7%).
No triênio 2008-2010, Minas Gerais teve um incremento de 39,9% na produção aquícola continental, com uma produção de 11.618,1 toneladas, ocupando o segundo lugar da região Sudeste, atrás apenas de São Paulo.
Fonte: Agência Minas