Parlamentares defendem contorno ferroviário de Juiz de Fora

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Em reunião da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta quinta-feira (25) em Juiz de Fora (Zona da Mata), parlamentares defenderam a transposição ferroviária do município. Os moradores reclamam dos transtornos causados pelos trens de carga que passam pela cidade, como atropelamentos e acidentes com carros nas passagens de nível, e cobram a construção de um contorno ferroviário para resolver esse problema.




O deputado Noraldino Júnior (PSC), que solicitou a realização da audiência, fez uma série de questionamentos à Prefeitura e à MRS Logística, empresa que administra a ferrovia. “Queria saber o que estão buscando para resolver esse problema. A solução requer recursos, mas podemos nos mobilizar para consegui-los”, afirmou. Ele também descreveu situações problemáticas relacionadas ao fato de as linhas de trem cruzarem o centro da cidade, como o grande número de assaltos nas passarelas, carros passando pelos trilhos mesmo com as cancelas abaixadas e a ausência de fiscalização dos trilhos pela MRS.

O deputado Missionário Márcio Santiago (PTB) lembrou a grande quantidade de atropelamentos nos cruzamentos com a linha férrea. “Em 2014, foram registrados 104 atropelamentos ou abalroamentos em todos os 105 municípios cortados pela linha da MRS, ou seja, menos de um para cada cidade. Mas só em Juiz de Fora foram 14 acidentes desse total: duas colisões e 12 atropelamentos. É a cidade com maior número de acidentes envolvendo trens”, informou. Ele também criticou o tempo perdido enquanto se aguarda a passagem dos trens. “A cada 48 minutos, passa um comboio. São 30 ao todo, todos os dias. Cada um demanda que fiquemos parados 15 minutos. É muito tempo perdido”, destacou. O parlamentar denunciou, ainda, a falta de fiscalização pela MRS e o acúmulo de lixo ao longo da ferrovia.




O vereador Júlio Gasparette acrescentou que desde 2001 a Câmara Municipal busca recursos para a construção do contorno ferroviário de Juiz de Fora. Segundo ele, esse anel ferroviário teria 55 quilômetros de extensão e custaria R$ 800 milhões. “Precisamos do apoio do Governo Federal e requisitamos uma audiência com o vice-presidente Michel Temer”, afirmou. Com essa transposição ferroviária, os trilhos de carga poderiam ser usados para o transporte de passageiros, na opinião do vereador. “Nossos bondes deveriam estar funcionando até hoje”, defendeu.

O deputado Lafayette de Andrada (PSDB) manifestou apoio à iniciativa. “Em outros países, os trens de superfície convivem normalmente com ônibus e carros no perímetro urbano. Arrancar os trilhos não traria nenhum benefício. Poderíamos aproveitá-los para o transporte coletivo”, afirmou. Quanto ao contorno ferroviário, ele propôs viadutos em três pontos de gargalo do trânsito da cidade, como solução paliativa.




Crimes

Segundo o comandante da 30ª Cia. da Polícia Militar, capitão Herivelton Camilo Soares, a linha férrea é local de muitas ocorrências policiais, com infratores se escondendo atrás dos muros que cercam a ferrovia, além de pontos de prostituição e tráfico de drogas. “Os muros prejudicam nossa visibilidade e o deslocamento das viaturas. Temos dificuldade para vigiar os dois lados, pois muitos trens passam durante o dia”, explicou.




Para MRS, solução é de longo prazo

O representante da MRS Logística, Sérgio Henrique Carrato, explicou que o contorno ferroviário de Juiz de Fora consta do planejamento do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit). Mas, segundo ele, essa é uma solução a longo prazo e pode não trazer todos os benefícios imaginados pela população. “É preciso trabalhar para que saiam do papel as cinco obras já licitadas desde 2011, em parceria entre o Dnit e a Prefeitura: são três viadutos e duas trincheiras”, informou.




Segundo Carrato, mesmo que se coloque outro tipo de transporte no local onde os trilhos estão hoje, as passagens de nível vão continuar e, por consequência, os choques entre carros e trens. “Os viadutos são a solução para esse problema”, defendeu.

Carrato explicou que a maior parte dos atropelamentos de pedestres acontece por imprudência dos moradores e pelo uso de álcool e drogas por parte das vítimas. “Fazemos campanhas educativas e contamos com o apoio da polícia”, disse. Sobre o lixo acumulado na ferovia, ele informou que a empresa faz um trabalho periódico de limpeza, mas culturalmente as pessoas acham que a linha férrea é local de jogar lixo e entulho. Além disso, segundo ele, a MRS revitalizou as passarelas de pedestres e instalou cancelas automáticas em todas as passagens de nível de Juiz de Fora. “Mas o município precisa nos ajudar em todas essas demandas de fiscalização”, completou.




Preocupação – O secretário municipal de Transportes e Trânsito de Juiz de Fora, Rodrigo Mata Tortoriello, falou da intenção da prefeitura de levar propostas de solução para o problema ao Ministério das Cidades, na tentativa de captar recursos. No entanto, ele manifestou preocupação com a destinação do espaço onde hoje se encontra a linha férrea caso o contorno ferroviário seja construído. “Sou entusiasta de retirar a passagem de carga, mas antes é melhor definirmos o que será feito com o espaço remanescente. Vai ser um veículo leve sobre trilhos? Precisamos aprofundar essa discussão de modo a conectar toda a rede de transporte coletivo”, defendeu.

Fonte: ALMG




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