Hanseníase: com tratamento correto, a doença tem cura

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A melhoria das condições de vida e o avanço do conhecimento científico modificaram o quadro da hanseníase, que há mais de 20 anos tem tratamento e cura. Segundo dados do Ministério da Saúde, 67,3% das pessoas que faziam tratamento para hanseníase se curaram em 2004. Já em 2014, esse número saltou para 82,7%. A partir de um diagnóstico positivo de hanseníase, é possível descobrir se há outros casos na família ou comunidade, evitando a transmissão da doença.




Porém, a hanseníase ainda é uma doença cercada de estigmas. Também conhecida como lepra, o bacilo transmissor (Mycobacterium leprae) tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos. A hanseníase parece ser uma das mais antigas doenças que acometem o homem. As referências mais remotas datam de 600 a.C. e procedem da Ásia, que, juntamente com a África, são consideradas o berço da doença.

A doença atinge pele e nervos periféricos, principalmente os da face e extremidades, como braços e mãos; pernas e pés, podendo levar a sérias incapacidades físicas. O contágio acontece quando uma pessoa doente não tratada entra em contato direto com outra pessoa. A principal via de eliminação do bacilo, e a mais provável porta de entrada no organismo passível de ser infectado são as vias aéreas. Até a manifestação dos sintomas existe um longo período de incubação, que varia de 2 a 7 anos. A hanseníase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos.




No Brasil, a taxa de prevalência de hanseníase caiu 25,7% em 10 anos, passando de 1,71 pessoas em tratamento por 10 mil habitantes em 2004, para 1,27 por 10 mil habitantes em 2014. O Ministério da Saúde registrou 31 mil casos novos da doença no ano passado, número significativamente menor do que os 50,5 mil registrados em 2004.

Para evitar a contaminação, esta semana agentes comunitários de saúde e equipes do Programa Saúde da Família estão percorrendo escolas para diagnosticar e tratar hanseníase, tracoma e verminose em alunos de cinco a 14 anos em todo país. A meta é que mais de oito milhões de crianças e adolescentes sejam avaliadas na ação, como parte da terceira edição da “Campanha Nacional de Hanseníase, Geo-helmintíases e Tracoma”, do Ministério da Saúde.




Estão sendo distribuídas fichas de autoimagem para cerca de 45 mil escolas que participam da campanha. Nas fichas, com desenho do corpo humano, os responsáveis vão marcar onde as crianças possuem qualquer tipo de machas na pele, para serem avaliadas pelas equipes da atenção básica. Com isso, o Ministério da Saúde espera aumentar o diagnóstico precoce e identificar comunidades em que os males ainda persistem.

Tratamento – O tratamento do paciente com hanseníase é feito com um combinado de medicamentos antibióticos, além de reabilitação física e psicossocial nos casos mais graves. Existem medicamentos diferentes, utilizados de acordo com o grau e a forma da doença e todos são distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde.




O tratamento pode durar de seis meses a dois anos, dependendo do estágio e forma da doença. Quem começa o tratamento deixa rapidamente de ser contagioso, não constituindo mais perigo para as pessoas próximas, portanto, não há necessidade de isolamento. A detecção precoce é fundamental para curar o indivíduo e interromper a cadeia de transmissão da doença. Mas é muito importante que o tratamento seja feito até o final, sem interrupção. O uso indiscriminado dos antibióticos que fazem parte do tratamento aumenta a chance do paciente tornar-se resistente às drogas, além de facilitar a progressão da doença para estágios mais avançados.

Como medida do reforço para interromper a cadeia de transmissão, o Ministério da Saúde está adotando, ainda neste segundo semestre, a terapia preventiva da hanseníase às pessoas que tiveram contato com pacientes diagnosticados com a doença. A iniciativa começará em treze municípios de três estados com alta carga da doença: Pernambuco, Mato Grosso e Tocantins.




A estratégia busca ampliar a cobertura de exames de contatos. Ou seja, a cada novo diagnóstico ou pessoa em tratamento, o serviço de saúde vai identificar e tratar, no mínimo, 20 contatos, entre pessoas que vivem na mesma casa, na vizinhança e outros contatos sociais. Mesmo sem ter sintomas da doença, a pessoa receberá uma dose única de antibiótico.

Fonte: Gabriela Rocha / Blog da Saúde




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