Pessimismo atinge mais da metade dos pequenos empresários
A economia brasileira em recessão e a percepção de piora no ambiente de negócios têm afetado a confiança dos micro e pequenos varejistas e prestadores de serviços. O Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) registrou apenas 37,62 pontos no último mês de setembro. Embora o resultado tenha ficado ligeiramente acima do observado em agosto (36,70 pontos), o indicador segue abaixo do nível neutro de 50 pontos. Isso significa que a maior parte dos empresários continua pessimista com o ambiente econômico do país. Um dado que comprova essa percepção é que 52,75% dos empresários consultados se dizem pessimistas com relação ao futuro da conjuntura econômica – em agosto o percentual era de 48,75%.
O Indicador de Confiança do SPC Brasil e da CNDL é baseado nas avaliações dos micro e pequenos empresários sobre as condições gerais da economia brasileira e também sobre o ambiente de negócios, além das expectativas para os próximos seis meses tanto para a economia quanto para suas empresas.
A abertura do Indicador de Confiança, chamada de Indicador de Condições Gerais, que mensura a percepção do empresariado tanto em relação à trajetória da economia como de seus negócios nos últimos seis meses, registrou 22,82 pontos, o que representa uma leve melhora em relação ao mês de agosto, quando o número estava em 20,17 pontos.
O subindicador das condições gerais para os negócios, que avalia apenas a percepção do empresário em relação ao seu próprio empreendimento, também esboçou uma leve melhora, passando de 25,85 pontos, verificado em agosto, para 28,28 pontos no último mês de setembro. Já o subindicador de condições gerais, que diz respeito somente a situação econômica do país, avançou de 14,49 para 17,36 pontos. “Tendo em vista que a situação econômica do país não apresentou sinais de recuperação nos últimos meses, essas variações positivas são modestas e ainda não podem ser compreendidas como uma tendência de percepção do empresário, mas como uma volatilidade natural do indicador”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
De acordo com o indicador, a proporção de micro e pequenos empresários que consideram que a economia brasileira piorou nos últimos meses já atinge 83,88% dos empresários consultados. Em maio deste ano, mês da primeira sondagem do indicador do SPC Brasil, essa proporção era 83,38%.
Para a economista do SPC Brasil, a confluência negativa dos principais indicadores macroeconômicos tem resultado numa expectativa menos positiva por parte dos empresários de pequeno porte. “As vendas no varejo acumulam queda de 2,35% em 2015 até julho e o desemprego teve o seu oitavo aumento consecutivo em agosto deste ano. E, mesmo diante de um cenário recessivo, a inflação já acumula alta de 9,53% em 12 meses, estourando o teto da meta oficial”, justifica.
Expectativas para os próximos seis meses deterioradas
A percepção dos micro e pequenos empresários de como serão os próximos seis meses para a economia e para os seus negócios também foi analisada e apresentou um patamar modesto. Em setembro, o Indicador de Expectativas registrou 48,71 pontos frente aos 49,10 pontos verificados no mês de agosto. Como o indicador segue abaixo do nível neutro de 50 pontos, significa que a maior parte dos empresários está pessimista com a situação do país no curto prazo.
O subindicador de expectativas para a situação econômica do país ficou em apenas 41,28 pontos. Em agosto o índice era um pouco maior: 41,89 pontos, na escala que varia de zero a 100. “Ainda que os dados de expectativa estejam em um nível pessimista, é interessante notar que as perspectivas para os próximos seis meses ainda estão acima da percepção da situação atual”, observa a economista do SPC Brasil.
Único indicador a obter resultados acima dos 50 pontos, as expectativas dos empresários para os seus próprios negócios registraram 56,14 pontos em setembro, pouco abaixo dos 56,30 pontos observados no mês de agosto. “Apesar do ambiente econômico adverso, uma quantidade considerável de micro e pequenos empresários está relativamente confiante com relação aos seus negócios. Isso pode se explicar pelo fato de que muitos deles acreditam que uma gestão eficiente de seu próprio negócio, com ajuste de estoques e do portfólio de produtos, pode ajudá-los a enfrentar as dificuldades impostas pela crise”, afirma o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.
Metodologia
O Indicador de Confiança do Micro e Pequeno Empresário (ICMPE) calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) leva em consideração 800 empreendimentos do setor comércio varejista e serviços, com até 49 funcionários, nas 27 unidades da federação, incluindo capitais e interior.
Quando o indicador vier abaixo de 50, indica que houve percepção de piora por parte dos empresários. A escala do indicador varia de zero a 100. Zero indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais da economia e dos negócios “pioraram muito”; 100 indica a situação limite em que todos os entrevistados consideram que as condições gerais “melhoraram muito”.
Fonte: CNDL / SPC Brasil