Música vira instrumento de ressocialização no Presídio de Leopoldina
No Presídio de Leopoldina o clima é de ansiedade. Nos próximos dias, vai começar a seleção dos detentos que formarão a banda e o coral. A assistente social Patrícia Jobim é a responsável pelo projeto e também professora de música. O primeiro instrumento é um teclado, que faz parte de um grupo de 32 distribuídos este ano pela Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS) a projetos de musicalização para presos.
Patrícia diz que não se incomoda em extrapolar as funções de assistente social. Vale pela boa causa, segundo a servidora. Ela conseguiu o apoio do Conservatório de Música de Leopoldina, que cedeu dois professores de canto e coral, e a doação, por particulares de três flautas doces e um violão.
A distribuição de teclados pela Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) da SEDS tem o objetivo de incentivar a formação de novos projetos de música e de fortalecer os existentes, como o do Presídio Antônio Dutra Ladeira.
De acordo com a superintendente de Atendimento ao Preso da Suapi, Ana Louise Bernardes Passos Leite, mais instrumentos serão entregues até o fim do ano. Na área de pessoal, Ana Louise destaca que está prestes a ser firmada uma parceria entre a Sape/Suapi e a Secretaria de Estado de Educação (SEE) para formar instrutores de música nos estabelecimentos prisionais.
Aulas
O Presídio Antônio Dutra Ladeira, de Ribeirão das Neves, recebeu dois teclados em 2015. O projeto de musicalização atende 17 presos, que têm aulas duas vezes por semana, com direito a certificado da SEE, depois de cumprida a carga horária de 109 horas.
O agente penitenciário Willian de Lima assumiu as aulas no mês de junho e afirma que os resultados são gratificantes. “É notável a melhoria no comportamento dos alunos. Com pouco tempo, já vemos a mudança”, afirma.
Na Dutra, os ensaios de instrumentos como violão e teclado atiçam a imaginação dos presos. “Com a experiência adquirida aqui, se houver a oportunidade, quem sabe não ingresso em uma carreira musical quando deixar a unidade?”, disse, por exemplo, o preso Francisco Cosmo em um dos ensaios.
O repertório é variado. Os detentos podem levar sugestões de músicas para estudo e diversos gêneros são trabalhados, com predominância do gospel e da MPB. Eles se preparam para gravar duas músicas para terem material de divulgação.
Exemplos musicais
Corais como o Vozes da Cela, de São Lourenço, finalista do Prêmio Innovare de 2015; Canto Livre, de Caxambu; a Orquestra de Violões da Penitenciária Deputado Expedito Faria de Tavares, em Patrocínio; e a Banda Além dos Muros, do Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem; são exemplos de projetos musicais realizadas dentro de unidades prisionais que já estão consolidados e que realizam apresentações em eventos e congressos de todo o Estado.
Fonte: SEDS MG