Lei que obriga SUS a reconstruir mama logo após cirurgia contra câncer é sancionada

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A partir de agora, as pacientes do Sistema Único de Saúde que fizerem cirurgia de retirada de mamas para combater o câncer terão direito por lei de ter suas mamas reconstruídas no mesmo procedimento.

Até hoje, a orientação do SUS era de que a retirada e a reconstrução fossem feitas num único procedimento, mas isso não estava previsto em lei. Com a sanção da lei, que teve origem na Câmara dos Deputados, as mulheres agora têm um instrumento que lhes permite exigir um procedimento que os profissionais da área consideram muito importante.




A mastologista Salete Rios afirmou que o estresse da retirada de mamas é muito alto. Ela relata que o momento de tirar o curativo e se ver sem mamas é extremamente triste e que eliminar esse sofrimento pode ajudar a paciente a dirigir suas energias para a cura.

“Quando a mulher tem um câncer, a mulher sofre muito pela própria doença. Quando ela perde a sua mama, ela tem a sensação de que ela está perdendo parte de sua feminilidade. Ela acha que o marido vai abandonar, que o namorado vai trocar por outra. E ela voltando, reconstituindo a sua mama durante o mesmo procedimento, ela não vai passar por esse tipo de estresse.”




Apesar de o SUS orientar que o procedimento seja padrão, a reconstrução mamária no sistema é de apenas 10% do total de mastectomias. Há falta de hospitais e profissionais e o valor pago pelo SUS aos profissionais é considerado muito baixo. O valor pago a toda a equipe médica é de R$ 148. Mas Salete Rios destaca a importância da previsão em lei.

“A importância dessa lei é que as mulheres vão poder, eventualmente, se o hospital não fizer, entrar na Justiça. Na verdade, a gente precisaria aumentar o número de médicos e hospitais especialistas.”




A cirurgia de reconstrução imediata de mamas só pode ser feita se houver indicação médica. Em casos de cânceres muito agressivos, em que há necessidade de radioterapia ou mesmo casos mais graves, pode haver necessidade de intervalo de seis meses a até dois anos entre a intervenção e a reconstrução.

Nesses casos, a mulher poderá requerer a reconstrução após esse período. Para a coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Jô Moraes, do PCdoB de Minas Gerais, é importante não só prevenir o câncer, mas também garantir a correção de suas sequelas.




“Garantir no Sistema Único de Saúde a possibilidade de as mulheres reconstruírem a sua mama significa reconhecer a cidadania plena daquelas que enfrentam dificuldade pessoal.”

Joana Jeker, que hoje tem uma organização de apoio a mulheres que passam por esse problema, levou três anos para conseguir reconstruir sua mama e afirma que o dia 25 de abril, dia da sanção da lei, é histórico.




“Foi um processo longo. Primeiro um processo de espera, depois entrada na fila e depois uma demora muito grande para finalizar a reconstrução. Foram três cirurgias. Eu tive de aguardar, entre uma cirurgia e outra, seis meses. Mas valeu muito a pena. Hoje em dia eu estou satisfeita com o resultado, muito feliz. Vida que segue, vida normal, me sentindo plena.”

O procedimento de reconstrução de mama no sistema privado de saúde pode custar, em Brasília, de R$ 5 mil a R$ 40 mil.




Fonte: Agência Câmara de Notícias




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