Coletivo TAZ apresenta espetáculo na próxima sexta-feira em Muriaé

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Recentemente contemplado pelo Programa Trilha Cultural BDMG, o coletivo TAZ inicia turnê pelo estado para apresentar a comédia “Clínica do Sono”. A turnê começa por Muriaé, na próxima sexta-feira (30), às 20h, no Teatro Municipal Belmira Vilas Boas. Depois segue para Além Paraíba (01/10) e Juiz de Fora (08/10).

Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia). Após a apresentação haverá um debate entre a equipe do espetáculo e o público, mediada por um artista ou jornalista de cada cidade.




A direção e dramaturgia são de Daniel Toledo. No elenco estão Beatriz França, Daniel Toledo, Regina Ganz e Will Soares.

A classificação é livre e o espetáculo tem duração 60 minutos.




Sinopse

Recém-chegada ao Brasil, a bem-intencionada “Clinica do Sono” oferece tratamentos para diferentes distúrbios de sono, mas não tarda a revelar um equilíbrio perverso entre exploração e filantropia.




“Clínica do Sono” estreou em maio de 2015 e constitui-se como uma fábula crítica e bem-humorada que convida o público à rotina de uma organização supostamente filantrópica cujo objetivo oficial é abrigar indivíduos com distúrbios de sono. Em cena, colaboradores e candidatos, tal qual o próprio público do espetáculo, aguardam o início de mais uma apresentação institucional da empresa, que não tarda a revelar, com boas doses de humor e ironia, um equilíbrio perverso entre exploração e filantropia.

Interessada na convivialidade entre atores e espectadores, a concepção dramatúrgica de “Clínica do Sono” se dá a partir do encontro entre quatro personagens ficcionais e os integrantes do público. Dispostos no mesmo espaço em que os atores, os espectadores são tratados, ao longo do espetáculo, como possíveis interessados nos serviços oferecidos pela organização.




Instantaneamente imersos em uma palestra institucional da empresa, os integrantes do público são recebidos por Sidnei (Daniel Toledo), um homem solitário e insone que cumpre com resignação a função de acompanhar, através de um monitor, o sono de alguns “pacientes” da clínica. Ao seu lado está Suesse (Beatriz França), uma sonolenta e desconfiada descendente de imigrantes poloneses que aguarda o início da apresentação para decidir se permanece ou não na Clínica do Sono.

Voluntária responsável pela sessões de recrutamento de novos colaboradores para a organização, Seidl (Regina Ganz) é uma ex-empresária tão interessada em colaborar com projetos filantrópicos quanto em recuperar a fortuna perdida devido a manobras ilegais de sua construtura. Operadora de telemarketing freelancer, Samara (Will Soares) é quem traz ao público algumas notícias do mundo exterior, ao apresentar para Seidl as “últimas tendências” em termos de projetos sociais – como aquele que prevê a instalação de janelas em containers que servem como residência a moradores pobres de Bucareste, na Romênia, e Varsóvia, na Polônia.




Desde as manifestações de junho de 2013, questões como segregação espacial e desigualdade na distribuição de direitos civis têm se mostrado de fundamental importância para o amadurecimento político da sociedade brasileira. A esse respeito, são encontrados, no texto original e na direção da cena, claros vestígios da relação colonialista e exploratória com a qual convivemos desde a origem do país, influenciando de modo pungente nossa cultura e nossa estrutura social. De um lado, está a personagem Seidl, representante da elite econômica brasileira, às forças do mercado e ao inconsequente gesto imperialista que ainda hoje se impõe em diferentes partes do território nacional. De outro, estão Sidnei, Samara e Suesse, personagens ligados à classe trabalhadora, que transitam entre a conformada obediência – caso dos dois primeiros – e a saudável rebeldia de quem deseja reequilibrar esta ordem – caso de Suesse.

No que toca a encenação do espetáculo, o coletivo dá continuidade à pesquisa audiovisual iniciada em “Fábrica de Nuvens”. Dessa vez, experimentamos o vídeo como elemento de cenografia e dramaturgia, como possibilidade de ampliar os sentidos de compreensão e contextualização da cena. Usando sempre imagens documentais, trazemos, em projeção, imagens históricas de cidades devastadas pelo pulso imperialista que desencadeou a 2ª Guerra Mundial. Além dessas imagens, a encenação conta com registros audiovisuais de cidades contemporâneas permanentemente destruídas e reconstruídas pelas forças do mercado, e também de cenas que remetem a guetos urbanos contemporâneos, como ocupações populares espontâneas – bastante comuns em diversas capitais brasileiras – e artificiais – a exemplo da Blikkiesdorp, “cidade” de containers criada pelo governo sul-africano para abrigar (ou segregar?) moradores pobres da Cidade do Cabo durante a Copa do Mundo de 2010.




Ficha técnica

Texto e direção: Daniel Toledo
Atuação: Beatriz França, Daniel Toledo, Regina Ganz e Will Soares
Diretor assistente e sonoplasta: Alexandre de Sena
Assistente de direção: Bruna Campos
Colaboração dramatúrgica: Bianca Fernandes
Direção de arte: Ana Carolina Diniz, Daniel Toledo e Leandro Aragão
Videoinstalação: Leandro Aragão
Vídeos (edição): Daniel Toledo e Leandro Aragão
Luz: Pedro Amparo e Rodrigo Marçal
Coordenação técnica e operação de luz: Akner Gustavson
Operação de som e vídeo: Flora Maurício | Produção e realização: T.A.Z.




Crítica do espetáculo, por Victor Guimarães

Já nas primeiras falas de Sidnei, uma das virtudes do texto sobressai: há uma coloquialidade própria, uma fala veloz e repetitiva que dialoga com a oralidade mundana, com esse fenômeno típico da cidade contemporânea que é o momento no qual alguém desconhecido, no ponto de ônibus ou na fila do pão, desata a falar sobre a própria vida sem que lhe perguntemos. (…) Sidnei é um personagem fabuloso: homem médio, modesto e de poucas ambições, cujas principais virtudes são a obediência e a gratidão.




Seidl também é uma personagem potente, ao mesmo tempo típica e singular, que sintetiza comicamente características da classe média atual: a reclamação sobre o trânsito, as preocupações superficiais com a bolsa e o desemprego, o gosto pela filantropia, a arrogância no trato com os empregados.

Embora se apresente como um ‘caminho alternativo ao sistema soberano’, a instituição mais parece uma reprodução em miniatura de suas regras mais perversas. O texto inteiro é tomado por essa oscilação forte entre o dentro e o fora: a clínica do sono é o que vemos no teatro ou é o sistema lá fora?




A potência de ‘Clínica do Sono’ consiste em diagnosticar com inteligência e acuidade uma doença do tempo e transformá-la em teatro de forma ao mesmo tempo leve e perturbadora, sutil e incisiva.

Coletivo TAZ

Sediado em Belo Horizonte, o coletivo T.A.Z. foi criado em 2010 pelos artistas Daniel Toledo (ator, diretor e dramaturgo) e Regina Ganz (atriz e produtora). Desde então, o coletivo desenvolve pesquisas e criações em artes cênicas, investigando problemáticas específicas ao momento histórico e social que vivemos agora. A primeira investigação do coletivo se volta ao universo do trabalho e à experiência do trabalhador, desdobrando esse tema em uma trilogia de espetáculos com dramaturgias autorais que investigam possibilidades de convívio entre atores e espectadores. Atualmente, o coletivo conta com a colaboração dos artistas Akner Gustavson, Beatriz França, Flora Mauricio e Will Soares.

O coletivo teve origem a partir da cena curta “Fábrica de Nuvens”, apresentada em 2010 na 6a Mostra Cena Breve Curitiba. Após participar da 1ª edição do Janela de Dramaturgia, “Fábrica de Nuvens” estreou em junho de 2013 como primeiro espetáculo realizado pelo coletivo, com duas breves temporadas no Teatro Espanca!, em Belo Horizonte, e duas apresentações na mostra local do FIT-BH 2014. O texto da peça foi publicado dentro da coletânea Janela de Dramaturgia I, pela Editora Perspectiva.

Segundo trabalho teatral do coletivo TAZ, a peça “Clínica do Sono” integrou a programação da 3a Janela de Dramaturgia, da Mostra Conexões (Funarte MG), do 10º Verão Arte Contemporânea e do Programa Trilha Cultural BDMG. A estreia da peça aconteceu em maio de 2015, dentro do projeto Arte no Centro, do Teatro Espanca, e seu texto também foi publicado em 2016, dentro da coletânea Janela de Dramaturgia III, pela mesma editora.

“Controle de Estoque” é o titulo do texto e da montagem que encerra a “Trilogia do Trabalho” iniciada com “Fábrica de Nuvens”. Com direção e dramaturgia de Daniel Toledo, a peça estreou em novembro de 2015, na Funarte MG, dentro da mostra Conexões e integrou a programação do 10o Verão Arte Contemporânea em 2016, em Belo Horizonte.

Mais informÇões: (31) 98373-2552.

Fonte: Coletivo TAZ

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