Personalidades de Muriaé – Domingos Ciribelli

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Domingos Ciribelli nasceu em Boa Família, distrito de Muriaé, em 23 de abril 1906, filho de Humberto Ciribelli e Filomena de Decco Ciribelli. Foi o primeiro de uma família composta de sete irmãos.

Dos 10 aos 12 anos comprava frangos e ovos para revendê-los em Boa Família, Mirai e Muriaé. O pequeno lucro auferido naquelas transações entregava aos seus pais para auxiliar nas despesas de seus irmãos menores. Assim foi que, de maneira singela, passou à prática de um pequeno comércio.




Aos 12 anos rumou para Bom Jesus da Cachoeira onde trabalhou por algum tempo em uma modesta farmácia. Sentiu então ser o trabalho com a saúde a sua real aptidão. Mudou-se para Laranjal, lá permanecendo por alguns anos, sempre trabalhando em farmácia.

Apesar de ser ainda jovem, não se acomodou. Já bastante informado sobre a profissão que abraçou, iniciava daquele modo um novo ritual de aprendizado. Interessado que era, não apenas na prática de comprar e vender, exigiu mais de si aprendendo o modo discreto e eficaz de ouvir o paciente e dele conseguir o necessário subsídio para a melhor indicação das drogas que vendia.




Anos se passaram e, ainda funcionário de uma farmácia agora em Muriaé, contraiu núpcias com a Senhora Quintina Scoparo.

Continuou naquela farmácia por alguns anos, acumulando conhecimentos inerentes à profissão. Como todo ser humano inteligente e trabalhador, sentiu que não estava ainda realizado. Passou a conviver com certo conflito: continuar empregado ou adquirir uma farmácia ainda que modesta.




Nos idos de 1941, econômico e controlado que sempre fora, já possuía alguma reserva que, associada ao pequeno empréstimo que fizera a seu honrado e saudoso sogro Genuíno Scoparo, permitiu-lhe montar uma pequena farmácia no Bairro do Porto. Àquela época depois do Rosário existiam apenas 3 ruas: a Coronel Pereira Sobrinho, a Quenta Sol e a Rua da Mina e, dando seqüência, o tradicionalíssimo Bairro Encoberta.

A região foi rapidamente crescendo desordenadamente com a vinda de trabalhadores rurais que buscavam na cidade emprego e melhores condições de vida. Foi assim que surgiu o Bairro Santa Terezinha com uma população empobrecida e carente de cuidados.




Gritava aos ouvidos daquele modesto farmacêutico a urgente necessidade de sua assistência. Quantas e quantas vezes, em avançadas horas de noites frias e chuvosas, pisando lamas daquele morro, deixava ele o aconchego de seu lar para atender às necessidades daquela gente. Foi assim que, de modesto farmacêutico, foi se transformando em quase um médico.

Paralelamente a essa tarefa, atendia também o Bairro Encoberta e as localidades rurais de São João do Glória, Retiro, Rochedo, São Bento e Santa Maria.




Em uma época em que automóvel era artigo de alto luxo e pertencia aos mais afortunados, lá se ia ele, à luz do dia ou às escuras da noite, prestar assistência a essas localidades. Fosse a pé, a cavalo ou de bicicleta, jamais faltou a sua presença quando solicitada, sem mesmo saber se teria, de imediato ou a prazo de colheita, a recompensa material. Muitos livros de contas sem receber ficavam esquecidos nas gavetas de sua farmácia.

Por quatro décadas conviveu com esta situação. Quando as madrugadas dificultavam o retorno dos moradores da zona rural que o procuravam, transformava sua humilde residência em um pequeno hospital, onde os pacientes, com todo respeito e carinho, eram assistidos.




Após mais de meio século dedicando-se a essa profissão, desprovido de qualquer vaidade e compreendendo que a tarefa que Deus lhe confiara estava de certo modo cumprida, deixou-a de cabeça erguida e esperançoso de que outros, muito mais jovens, pudessem dar seqüência a seu modesto e acima de tudo humano trabalho.

Aos 17 de agosto de 1993, por vontade do Supremo, deixou a vida na terra e, com certeza, continuou a vida com Deus. Deixou seis filhos, todos casados, dezessete netos e vinte e dois bisnetos.




Em 2003, pela Lei 2.789, a antiga Praça Belo Horizonte do Bairro Santa Terezinha passou a se chamar Praça Farmacêutico Domingos Ciribelli.

Fonte: João Carlos Vargas e Flávia Alves Junqueira / Memorial Municipal




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