Personalidades de Muriaé – Hélio Lopes
Hélio Lopes nasceu em São Manoel, hoje Eugenópolis, em 1919. Filho de Francisco Lopes Coelho e Maria Thereza Lopes, fez seus primeiros estudos em Minas Gerais.
Entrou para o seminário em 1938 e, em 1946 ordenou-se frade franciscano no Seminário Santo Antonio da cidade de Agudos estado de São Paulo, onde adotava o nome de Frei Roberto Bellarmino Lopes Coelho. Estudou três anos de Filosofia e um de Teologia em São Paulo e mais três de Teologia em Petrópolis. Lecionou no Seminário e na Faculdade de Filosofia Sagrado Coração de Jesus, em Bauru, onde regia a cadeira de Literatura Portuguesa. Lecionou também no Seminário Seráfico de Rio Negro, Paraná. Nesta época escreveu e publicou centenas de poesias religiosas franciscanas. Tão conhecidas elas se tornaram, que uma delas foi traduzida para inglês e distribuída aos membros da Ordem em todo o mundo.
Após deixar o hábito em 1962, cursou em São Paulo, capital, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e nela se doutorou. Sua tese de doutoramento – Divisão das Águas – se tornou leitura obrigatória para estudiosos do período romântico da literatura brasileira. Na USP era titular da cadeira de Literatura Brasileira, onde lecionou até sua aposentadoria. Foi também professor assistente do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas.
Dedicou-se a vida inteira ao ensino. Ministrou, a convite do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, cursos em várias faculdades e passou dois anos, como professor, na Universidade de Roma, Itália, ministrando um curso sobre Literatura Brasileira, tornando-se assim, uma espécie de embaixador da literatura nacional. Viveu seus últimos dias em Muriaé, onde deu um curso de Literatura na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santa Marcelina.
Era membro da Academia Municipalista de Letras – Belo Horizonte e Sócio Correspondente da Academia Juiz-Forana de Letras. Foi articulista de jornais como a Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Estado de Minas e Gazeta de Muriaé, por vários anos.
A produção literária de Hélio Lopes começou com a publicação de livros infantis: Ritinha quer um presente (3ª ed., 1957) e Tonico sonhou (3ª ed., 1960). Dois anos mais tarde, publicou Ribeirinho meu amigo (1962), A Cabra Feiticeira e Amor Não Tem Cor (3ª ed., 1991). Publicou também os livros de versos: Cancioneiro de Dona Pobreza (1948 – 2ª ed. 1956), Jardim Fechado (1952 – 2ª ed. 1958), Estátua e Espelho (1957), Inconsistente Imagem (1959), Terraços da Noite (2ª ed. 1972), Invulnerável Pássaro (1974), Água Emendada (1981), Cantigas do Meu Bairro (1987), Espelho Aceso (1990) e Areia Movediça (1992). Ensaios: Monte Alverne – Pregador Imperial (1958), Cláudio – O Lírico de Nise (1975), A Divisão das Águas (1978), Franco de Sá (1978) e Introdução ao Poema Vila Rica (1985), que ganhou o prêmio José Veríssimo da Academia Brasileira de Letras em 1986. Deixou inéditos os livros de poemas Águas do Abismo, Décima Estação e Clarabóia, bem como a peça teatral Lenho Verde. Cantigas do Meu Bairro saiu em edição de luxo, ilustrada pelo artista Muriaeense Ségio Campos que também assina o retrato de Hélio que aparece abaixo.
Faleceu em 13 de julho de 1992.
Algumas opiniões sobre sua obra:
“Indubitavelmente Hélio Lopes é um dos melhores poetas brasileiros, reunindo talento com vasta cultura.” José Afrânio Duarte, jornalista ensaísta, da Academia Mineira de Letras, Belo Horizonte – MG.
“Hélio Lopes se revela nestes poemas o autêntico intelectual que é, conhecedor da cultura clássica à moderna, um erudito que sabe ser simples na abordagem de temas elevados, nas alusões literárias mais notáveis.” Cleonice Rainho, romancista e poeta, Juiz de Fora – MG.
“Se Introdução ao Poema Vila Rica, a minuciosa investigação sobre o texto do poeta inconfidente Cláudio Manoel da Costa, pode ser considerado, com o poema de Cláudio, “o mais mineiro dos livros mineiros”, Espelho Aceso é, a meu ver, a mais universal da obra poética de Hélio Lopes. Dividida em duas partes, considere-se a primeira como a projeção da figura sobre o espelho e a segunda como o reflexo dessa figura. Hélio Lopes tem características ousadas e profundas na sonoridade de seus versos. Veja-se este terceto em Espelho Aceso: ‘e o largo peso das nuvens; gelava sonhos morenos; em mornos mares de sombra'”
Fonte: João Carlos Vargas e Flávia Alves Junqueira / Memorial Municipal