Operação desmantela quadrilha que atuava como máfia há 20 anos em Minas

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O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou na manhã desta terça-feira (20) a operação “La Famiglia”, com o objetivo de desarticular a atuação de uma organização criminosa que atua na região leste do estado há pelo menos 20 anos.




Segundo as investigações, o grupo é composto por fazendeiros, empresários, políticos, policiais militares, policiais civis, agentes penitenciários e civis. Eles são suspeitos pela prática de crimes como extorsão, corrupção ativa e passiva, concussão e homicídios por recompensa.

Hoje, foram cumpridos 42 mandados de prisão e apreensão, 41 mandados de prisão preventiva contra 29 alvos em quatro estados da federação e um no exterior (EUA). A ação contou com o apoio da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, Polícia Civil do Estado de Minas Gerais, Polícia Civil do Estado do Maranhão, Secretaria de Estado de Administração Prisional de Minas Gerais (SEAP), representação da INTERPOL em Minas Gerais, Agência de Imigração Americana (Immigration and Customs Enforcement- ICE), dos Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) dos estados da Bahia, Ceará e Maranhão e da Coordenadoria de Assuntos Estratégicos e Inteligência do Ministério Público do Maranhão.




Família do crime

“Família” ou “Irmandade” é o nome pelo qual a organização criminosa é conhecida entre seus membros. Conforme apurado, o grupo criminoso tem comportamento, estrutura e atuação similares à da máfia, que, na região italiana da Sicília, tinha sua unidade básica denominada de “La Famiglia”.




Na Sicília, em sua origem, máfia se referia à união dos homens de confiança que estavam a serviço da nobreza e cuidavam da vigilância da terra e da exploração agrária. O mafioso apresentava-se como um vingador que, para alcançar seus objetivos, estava disposto a recorrer à imposição da força, até com a prática de homicídios, para castigar os que se opunham interesses da máfia.

A organização criminosa “Família”, alvo da operação desta terça, assim como a máfia, quando sofre lesão a bem jurídico tutelado pelo Estado costuma não procurar a justiça, nem se submete ao monopólio estatal para resolução dos conflitos, pois considera a imposição do assassinato como sua própria forma de justiça.




As investigações apontam que não há um líder na organização criminosa “Família”, já que a liderança é exercida por uma “comissão” ou “conselho deliberativo”, formado pelos membros mais poderosos que deliberam sobre os crimes violentos.

A organização criminosa “Família” se divide em grupos de: financiadores ou mandantes, que integram o “conselho deliberativo”; agenciadores; executores; poessoas que apoiam com logística para a execução e fuga; integrantes que facilitam a evasão dos executores e por aqueles que desviam o foco das investigações e as obstruem.




De acordo com o MPMG, a corrupção e a violência são características fundamentais da organização criminosa “Família” para sua atuação delituosa. Essa organização criminosa ainda busca nas alianças políticas os meios que possam facilitar a atuação criminosa.

Na oepração desta terça, são investigados 18 homicídios qualificados, por ação da organização, ocorridos na comarca de Conselheiro Pena entre os anos de 2011 a 2014




Estratégias do crime

Conforme investigado, os crimes de homicídio são deliberados pelo colegiado e as vítimas são os que se tornam “inconvenientes” para a irmandade ou para um de seus membros. A “inconveniência” pode decorrer de desacertos comerciais, desavenças familiares, desavenças políticas, queima-de-arquivo, infidelidade conjugal, furtos de gado, furtos de armas.




Para a execução dos crimes, todos os detalhes são tratados entre mandantes, agenciadores e executores.

A forma de execução dos homicídios, via de regra, é sempre mediante pagamento ou promessa de recompensa e com uso de recurso que torne difícil a defesa do ofendido, sendo comuns as emboscadas, sem prejuízo de outras circunstâncias que qualifiquem o assassinato.




Entre as estratégias utilizadas pela organização criminosa para conseguir a impunidade estão o planejamento criterioso da execução do crime para que não ocorra prisão em flagrante delito; acionamento de grande equipe de apoio logístico no dia do crime; acionamento de equipe para acompanhamento das investigações e fornecimento de informações privilegiadas para impedir o progresso da investigação; coação e eliminação de vítimas sobreviventes, familiares, testemunhas e até mesmo autoridades que estejam atuando na investigação; aproximação das autoridades locais para ganhar confiança, firmando uma autoimagem positiva e desconstruindo a imagem das autoridades que apuram os crimes da organização criminosa.

Fonte: MPMG




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