Personalidades de Muriaé – Noélia de Mattos Macedo
Noélia de Mattos Macedo nasceu em Muriaé, no dia 7 de dezembro de 1914, filha do queridíssimo professor Mário de Ururahy Macedo e de sua esposa Dona Alcide de Mattos Macedo, a querida e inesquecível Dona Sidoca.
Nasceu no mesmo ano em que se iniciava a 1ª Grande Guerra Mundial e fazia um ano apenas que seu pai fundara o Atheneu São Paulo, a mais antiga instituição de ensino particular ainda em atividade em Muriaé. O Atheneu se tornaria mais tarde a Escola São Paulo. Noélia nasceu praticamente dentro da escola que se tornaria, desde logo, a razão de sua existência. Teve sete irmãos: Ururahy, Noélia, Clélia, Josélia, Plauto, Cláudio, Saulo e o irmão adotivo Gil Braz Gomes.
Cedo começou no Atheneu o seu Curso Primário, seguido do Admissão Ginasial. Depois fez o Curso Parcelado, prestando exames perante as Bancas Examinadoras nomeadas pelo Ministério de Educação e Cultura. Terminado este curso, ingressou na Escola Normal São Paulo, comandada pelas Irmãs Marcelinas, e ali estudou as matérias pedagógicas, com autorização da Secretaria de Educação de Minas, diplomando-se como professora.
Em 1935 iniciou seu ministério como professora, do qual não mais se separou. Desde então podia ser vista transitando de sua casa para o Atheneu, onde ia levar sua contribuição ao trabalho de instruir e educar.
Quando ainda não existiam as Faculdades de Ciências e Letras, licenciou-se pelo Ministério de Educação e Cultura, obtendo o Registro Definitivo nas Disciplinas de Geografia e Desenho com extensão ao 2º ciclo ginasial, e Ciências, matérias que passou logo a lecionar.
Amiga das artes, desde menina iniciou seus estudos de música e pintura. Em 1954 completou o Curso de Piano, diplomando-se pelo Conservatório Brasileiro de Música, do Rio de Janeiro.
Foi secretária da Legião de Assistência ao Patronato Dom Delfim, quando este ainda se encontrava sob a direção de seus fundadores, os Vicentinos.
Nos áureos dias de sua juventude, ao lado de várias amigas suas contemporâneas como Gizelda Guarino Medeiros, Hilda Guarino, Maria Ângela e Maria Cândida Pacheco, Ana Bandeira de Melo, Edméa Silva, Adelina Germando, Maria Ângela e Maria Horminda Santos, suas irmãs Joséia e Cléia, e muitas outras jovens da sociedade da época, juntas criaram o Centro Cultural e Artístico, que promovia audições, saraus e festividades beneficentes. As reuniões aconteciam nas casas mais tradicionais da cidade. Numa destas reuniões, acontecida na casa do Coronel José Pacheco de Medeiros, o Centro Cultural teve a honra de receber o Maestro Eleazar de Carvalho.
Noélia começou cedo o seu trabalho sócio-religioso. Na infância foi secretária da Irmandade Santos Anjos, no tempo em que era vigário da Matriz São Paulo o Padre Ottoni Carlos Rodrigues. Durante anos foi organista desta mesma igreja tendo ajudado a fundar o famoso Coral de Muriaé.
Durante toda sua vida e com o mesmo entusiasmo dos dourados dias de sua juventude, como a videira agarrada ao tronco, continuou no seu Atheneu, como ela sempre chamou a Escola São Paulo, deixando correr a seiva dos ensinamentos que hauriu desde os primórdios de sua carreira. Para ela os anos passaram e seu ardor não mudou, pois cada idade tem a sua juventude. Continuou firme no seu trabalho até não mais poder, sustentada pela fé no Criador, que sempre a norteou, nos momentos mais difíceis de sua vida.
No lar, foi filha dedicada, irmã e parente solícita e extremosa. Na escola, foi professora responsável e educadora de várias gerações. Na sociedade, foi respeitada por todos os que sabem valorizar o trabalho de uma grande mestra.
Faleceu aos 86 anos, em Muriaé, no dia 06 de agosto de 2001.
Pela Lei 2.609 de 2002, uma das vias do Bairro Universitário, próximo à Fundação Cristiano Varella, recebeu o nome de Rua Noélia de Mattos Macedo em homenagem à Dona Noélia que passou uma vida inteira a serviço da educação em nossa terra.
Fonte: João Carlos Vargas e Flávia Alves Junqueira / Memorial Municipal