“Golpe do cheiro”? Entenda o que tem ocorrido nos carros da aplicativo
Relatos de intoxicação em carros de aplicativo não param de aparecer nas redes sociais, mas até agora nenhuma prova foi encontrada pela polícia.
Empresas de transporte por aplicativo foram notificadas pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça, pelo suposto “golpe do cheiro”, conhecido também como “golpe do gás” ou “golpe do spray”. A notificação veio depois do aumento das denúncias de passageiros que alegam ter sentido substâncias dentro dos carros que causaram desmaios ou dormência.
A notificação, segundo a secretaria, tem o objetivo de apurar que medidas de segurança as empresas têm adotado para evitar esse tipo de crime.
O diretor-adjunto da Divisão de Fraudes, da Polícia Civil do DF, Tiago Carvalho, explica que os casos estão sendo apurados em todo o país, mas a Polícia Civil ainda não encontrou nenhum tipo de gás ou substância nos carros por aplicativo. Apesar disso, o delegado alerta:
“O maior cuidado que a gente pode repassar é se certificar que aquele motorista realmente é o indivíduo que aparece no aplicativo. Temos notícias de motoristas falsos. Indivíduos que acabam identificando esses passageiros em determinados lugares, com aparência de ser um passageiro, e pode ser que através desses falsos motoristas alguma conduta criminosa possa ser praticada.”
Como a maior parte das denúncias que motivaram essa notificação foram feitas por mulheres, o delegado chama atenção para os crimes sexuais. E acrescenta que os aplicativos atualmente oferecem recursos para aumentar a confiança do passageiro.
“A gente tem que ficar atento à confirmação do motorista, principalmente, a depender ainda da situação deixar sempre um familiar, uma pessoa próxima que possa acompanhar aquela corrida. Hoje os aplicativos também contam com botão de alerta, também é mais uma ferramenta que pode ser utilizada caso o passageiro venha a se sentir, de alguma maneira, inseguro naquele veículo.”
Segundo o delegado, se o passageiro tomar todas essas precauções, o risco de uma ocorrência é bem menor. A notificação é baseada no Código de Defesa do Consumidor, e a medida prevê que as empresas devem prestar os esclarecimentos em até 10 dias úteis.
Em nota, a Associação Brasileira de Tecnologia e Mobilidade (Amobitec) informou que acompanha de perto todas as denúncias com relação ao que vem sendo chamado de “golpe do cheiro”. Segundo a associação, os casos estão sendo investigados pela Polícia Civil, que confirmou a ausência de substâncias com o propósito de dopagem nos carros por aplicativo.
O que dizem as empresas
Por meio de nota, a Uber diz que os inquéritos concluídos até agora pela Polícia Civil foram arquivados por falta de provas. Afirma tratar as denúncias “com a máxima seriedade e avalia cada caso individualmente para tomar as medidas cabíveis, sempre se colocando à disposição das autoridades competentes para colaborar, nos termos da lei”.
A 99, também por nota, diz ter uma política de “tolerância zero em relação a qualquer forma de violência ou assédio” e alega que “dedica seus esforços na prevenção, proteção e acolhimento de todos os usuários da plataforma, principalmente para as mulheres”. A empresa também recomenda que eventuais vítimas reportem o ocorrido no aplicativo e registrem a ocorrência junto aos órgãos policiais.
Fonte: Brasil 61