Coluna do Henrique Varella – O peixe congelado e o requeijão à la leite condensado

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Em uma das últimas compras de filé de linguado pro nosso cardápio veio uma posta muito grande do peixe, inclusive se diferenciava de outras na mesma embalagem. O que foi uma bela surpresa. Fiquei eufórico imaginando o lindo prato que daria e pensando que seu dono seria um baita de um sortudo.

Pois bem, os sortudos seriam um casal de amigos e dois parentes de São Paulo que estavam na cidade e foram conhecer nossa casa.




Ao ir até à mesa recebê-los foi me pedida sugestão pra comer. Quando perguntaram sobre o linguado logo entusiasmei em explicá-lo e dizer que além de ser um prato bastante saboroso o filé do peixe estaria lindo, com uma posta grandona.

Vendi o prato, que além de filé do linguado acompanha purê de batata e mix de cogumelos frescos, gesticulando bem o tamanho do peixe e me lembrando dos pensamentos ao receber a caixa com os congelados.




Ainda não imaginava a vergonha que passaria por conta deste prato. Mas o que ocorreu foi que ao descongelar o peixe a carne começou a diminuir drasticamente de tamanho, chegando a quase a metade do tamanho inicial, pois havia muita água congelada junto. Fiquei sem saber como explicar o ocorrido ao clientes, pois de qualquer maneira falhamos na compra, na não averiguação do produto… E aquela foi uma noite de pouco sono, ainda digerindo a vergonha por ter “mentido” para os clientes.

Uma pessoa amiga minha no Facebook compartilhou a ideia de que o requeijão Aviação está para o salgado assim com o leite condensado está para o doce, ou seja, ambos se comem puro.




Curti seu belo belo insight e corri ansiosamente para o mercado atrás da marca, afinal, ainda não conhecia o produto. E minha amiga tinha toda razão! O danado do requeijão se come puro, de tão delicioso!

Nossas receitas já estão adorando a novidade!




Esses encontros ruins e bons se compensam em nossa vida de cozinha.

Já tinha lido uma biografia de Einstein, mas ainda não conhecia um pensamento seu, que outro amigo compartilhou (viva o Facebook e os bons amigos!). Pra gente que faz trabalho ao vivo, para um público exigente em seu bom gosto e que procura um serviço diferenciado, inevitavelmente alguns erros podem se transformar rapidamente em crise. Esse pensamento precisa ser repetido por nós como um mantra.




‘Não pretendemos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. A crise é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países, porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar “superado”. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas do que as soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a tragédia de não querer lutar para superá-la.’ Albert Einstein

Foto: Bruno Bucci/Flickr




Autor: Henrique Caldas Varella – Chef de cozinha no Restaurante Oswaldinha Gastronomia, formado pela Faculdade Estácio de Sá – BH




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