Acusado envenenou açaí com chumbinho para virar herói e reatar relação com ex; duas crianças morreram
Depois de investigar hipótese de bombom envenenado, depoimentos de parentes e aprofundamento do perfil de suspeito foram fundamentais para chegar ao nome de Rafael Furtado, que se entregou na segunda-feira (12). Rafael disse que era padrasto de Benjamim Rodrigues e chegou a levá-lo à UPA.
Segundo a Delegacia de Homicídios da Capital, Rafael teria agido com a intenção de prejudicar a saúde da criança para, em seguida, tentar “salvá-la”, com o objetivo de reconquistar a confiança da mãe. No entanto, o plano teve desdobramentos trágicos, resultando também na morte de Ythallo Raphael Tobias Rosa, de 7 anos, colega de escola de Benjamim.
As investigações apontam que Rafael forneceu açaí misturado com veneno para Benjamim. A intenção era que o garoto consumisse a bebida sozinho, mas Ythallo, que estava junto no momento, acabou tomando parte do açaí. Ambos foram socorridos, mas Ythallo faleceu no mesmo dia, enquanto Benjamim resistiu por dez dias internado, vindo a óbito no dia 13 de outubro.
Contradições e Alteração na Versão Inicial
No início, a polícia suspeitou que uma mulher desconhecida teria oferecido um bombom envenenado às crianças, mas essa versão foi desmentida pelo próprio adolescente que a divulgou. Posteriormente, ele confirmou que o açaí foi entregue diretamente a Benjamim por Rafael, que afirmava ter levado o menino para a UPA de Del Castilho após ele passar mal.
A análise de imagens de câmeras de segurança e os depoimentos do pai e do avô de Benjamim ajudaram a Polícia Civil a direcionar a investigação para Rafael. O avô confirmou ter visto Rafael com Benjamim após a saída da escola, e o pai afirmou que a criança, que sofria de intolerância à lactose, só aceitaria algo de alguém conhecido, como o ex-companheiro de sua mãe.
Perfil Controlador e Motivo Pessoal
De acordo com relatos de pessoas próximas, Rafael mantinha um comportamento controlador e violento, inclusive chegando a agredir o pai de Benjamim em uma ocasião anterior. A mãe de Benjamim, Maria Carolina, informou à polícia que a separação ocorreu após um episódio de agressão, e que Rafael não aceitava o fim da relação, permanecendo em contato com Benjamim na tentativa de se reaproximar dela.
Tentativa de Manipulação e Falhas no Plano
A Polícia Civil indicou que o plano de Rafael seria se aproximar da família após o incidente para aparentar ser uma figura de suporte. No entanto, a investigação revelou contradições na versão apresentada pelo suspeito, bem como um padrão de comportamentos manipuladores.
O trágico envenenamento que vitimou duas crianças causou grande repercussão, e a polícia segue analisando elementos que indiquem o perfil psicológico e motivacional de Rafael no caso. O suspeito permanece detido, enquanto a investigação segue em sigilo para o aprofundamento das acusações.
Fonte: Guia Muriaé, com informações do G1