Automedicação: uso descontrolado de corticoides traz graves efeitos colaterais

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O uso de corticoides sem moderação pode causar sérios efeitos colaterais em quem utiliza, principalmente em crianças. Amanda Veloso tem dois filhos, Isabelle, 15 anos, e Lourenzo, 5 anos. Ela trabalha na área de saúde como técnica em radiologia em uma Unidade Básica de Saúde de Teresina (PI), por isso, sempre administrou o uso do medicamento em seus dois filhos.

Ainda assim, isso não os livrou de sofrer efeitos colaterais. Isabelle faz o uso dos medicamentos desde pequena, e, hoje em dia, tem dentes muito fracos, perdeu a coloração natural deles e faz acompanhamento odontológico. De acordo com a dentista da família, esses problemas eram causados pelo corticoide.




A jovem tem rinite e crise de alergia, e o que alivia os sintomas é o uso da medicação. No entanto, os problemas dentários não são os únicos com os quais ela sofre. “A mais velha tem os dentes muito fracos em razão disso, ela emagreceu muito, não consegue ganhar peso com suplementação. É muito alta, magra para a altura que tem e devido ao medicamento o ciclo menstrual é irregular”, conta Amanda sobre Isabelle.

Lourenzo, por outro lado, tem problemas de visão em razão do uso excessivo do medicamento. Além disso, ele sofre de insônia, e por causa de um remédio para corrigir um problema, precisa tomar outro para conseguir dormir. Amanda afirma que esses efeitos são da medicação, e ela ainda diz que em farmácias é muito fácil de consegui-los sem receita médica.




O médico e otorrinolaringologista Carlos Maurício explica que o corticoide é uma medicação amplamente utilizada para o tratamento de vários problemas de saúde, tanto para adultos, quanto para crianças. Mas, muitas vezes, utilizado de maneira equivocada.

“Primeiro, a gente precisa entender o que é o corticoide. Ele é considerado um anti-inflamatório hormonal, ou seja, é uma substância parecida com o hormônio produzido no organismo que faz parte do metabolismo corporal. Por ser um hormônio, ele pode ter vários efeitos colaterais se você o utilizar em doses altas e em períodos prolongados”, alerta.




Frequentemente, os pais utilizam essa medicação, como um xarope para tosse, um remédio para gripe, mas é preciso atenção, recomenda o especialista.

“Sendo um hormônio, ele pode modificar o funcionamento normal do organismo e isso pode impactar em alguns efeitos colaterais e alguns problemas como a osteoporose, a catarata, a pressão alta, o diabetes, alterações de humor, o aumento da retenção de líquido, ele vai afetar o metabolismo da gordura e pode gerar alterações de pele no estômago”, enumera.




Dependendo da dose, ele vai influenciar também na resposta imunológica. O uso pode bloquear parcialmente o sistema imunológico e isso facilita a infecção tanto viral quanto bacteriana. Contudo, o médico pondera que o remédio pode ser utilizado na dosagem correta, principalmente, quando se busca um efeito anti-inflamatório.

O especialista ainda ressalta os problemas que ele pode causar para o desenvolvimento da criança. O uso do corticoide, segundo sua explicação, reduz a absorção de cálcio, essencial para o crescimento. “É uma boa medicação, ela tem efeitos importantes em várias doenças, mas não pode ser utilizada sem critério”, pontua.




Além disso, pacientes em uso de prednisona 20 mg, um tipo de corticoide, por mais de 2 semanas ou prednisona 5 mg, também esse tipo de medicamento, por mais de 30 dias não podem suspender o tratamento de forma abrupta, alerta a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBME).

Covid-19




O paciente que se contaminar com Covid-19 e fizer uso de corticoides precisa ter cuidado. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBME) elaborou uma série de recomendações a respeito desse assunto.

“Quando utilizado como terapia anti-inflamatória e imunossupressora, as doses dos corticoides são no mínimo 4 a 5 vezes mais elevadas do que as doses de reposição fisiológicas. Nessa situação, o risco de complicações na vigência da Covid-19 é potencialmente maior”, afirma em nota.




A médica Larissa Camargo, que é otorrinolaringologista, afirma que há estudos que dizem que o corticoide é benéfico em casos de Covid-19, mas só o médico pode avaliar se o remédio vai ajudar ou atrapalhar no tratamento da doença. “Já existem trabalhos mostrando o benefício do uso do corticoide naqueles pacientes que apresentam quadro clínico sugestivo de comprometimento pulmonar e comprometimento sistêmico. Mas é sempre importante que seja feita uma avaliação junto ao seu médico assistente”, pondera.

Fonte: Brasil 61




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