Como reduzir sua dívida usando o novo consignado
No 'velho' consignado privado, disponível hoje para funcionários de grandes empresas, juros cobrados têm diferença de até 3 pontos percentuais entre os principais bancos
A partir do dia 21 de março, trabalhadores formais poderão acessar a nova plataforma do governo para obtenção de empréstimo consignado com desconto em folha, batizada de Crédito do Trabalhador. A iniciativa amplia o acesso a essa modalidade de financiamento, que tem taxas de juros menores devido à garantia do salário.
Quem poderá acessar?
Atualmente, o crédito consignado é restrito a funcionários de grandes empresas com convênios bancários. Com a nova plataforma, trabalhadores de pequenas empresas e empregados domésticos poderão contratar o financiamento. Além disso, bancos digitais e fintechs poderão ofertar essa modalidade.
Funcionamento e alerta para taxas
A plataforma funcionará por meio de um sistema de leilão, no qual o trabalhador receberá ofertas de diferentes bancos e poderá escolher a melhor opção. Especialistas recomendam comparar as taxas antes de contratar o empréstimo, pois os juros variam de acordo com a instituição.
Segundo um levantamento do Procon-SP, a taxa mensal pode variar de 2,89% a 5,89% ao mês para financiamentos de 48 meses. Para empréstimos em 12 meses, essa diferença pode ser ainda maior, chegando a 3,23 pontos percentuais.
Confira as taxas do crédito consignado privado atual
Prazo de 48 meses:
* Banco do Brasil – 3,26%
* Bradesco – 4,46%
* Caixa Econômica Federal – 4,76%
* Itaú – 4,50%
* Safra – 2,89%
* Santander – 5,89%
Prazo de 12 meses:
* Banco do Brasil – 3,26%
* Bradesco – 5,20%
* Caixa Econômica Federal – 4,76%
* Itaú – 4,12%
* Safra – 6,49%
* Santander – 5,87%
Cuidados na contratação
Especialistas alertam que o crédito consignado, apesar dos juros mais baixos, deve ser utilizado com planejamento. O trabalhador precisa avaliar se a dívida é realmente necessária e se as parcelas cabem no orçamento.
A economista Marisa Rossignoli, do Corecon-SP, orienta que o ideal é evitar criar “ilusões” com o crédito fácil:
“A partir do momento que você pega um empréstimo para pagar suas contas, você terá que arcar com as despesas habituais e também com o empréstimo.”
O analista Enrico Cozzolino, da Levante Investimentos, reforça que um empréstimo não resolve o endividamento, apenas concede mais tempo para reorganizar as finanças.
Facilidade na comparação e novas possibilidades
O Crédito do Trabalhador será integrado à Carteira de Trabalho Digital, permitindo que o trabalhador compare as taxas dos bancos e escolha a melhor opção. Além disso, haverá integração com o eSocial, permitindo às instituições financeiras avaliar o risco das operações.
O governo prevê, em etapas futuras, a possibilidade de portabilidade entre bancos para melhorar as condições do financiamento. Também poderá haver o uso de garantias como FGTS e verbas rescisórias.
Bancos tradicionais e digitais apostam na nova modalidade
A Caixa Econômica Federal já anunciou que pretende reduzir suas taxas pela metade. A agência de classificação de risco Moody’s prevê que bancos tradicionais como Caixa e Banco do Brasil devem crescer rapidamente com a nova linha de crédito.
Já os bancos digitais, como o Inter, também pretendem expandir sua atuação nesse segmento, oferecendo crédito desde o primeiro dia da plataforma.
Conclusão
O Crédito do Trabalhador representa uma ampliação do consignado para novos grupos de trabalhadores, mas exige cautela. A possibilidade de comparação de taxas é um avanço, mas o trabalhador deve avaliar se realmente precisa do empréstimo e qual a melhor opção para sua realidade financeira.
Fonte: Guia Muriaé, com informações do Extra