Consumo de carne bovina no Brasil é o menor em 12 anos
Em busca de proteínas mais baratas, que caibam no parco orçamento, os brasileiros estão trocando a carne bovina por ovos e frango, que também subiram de preço. E alguns, mais desesperados, chegaram a ficar horas debaixo de sol, em uma fila imensa, para pegar ossos que um açougue do Bairro CPA 2, em Cuiabá (MT) iria jogar no lixo. Dezenas de famílias que estavam no local contaram que estão passando por dificuldades financeiras e, consequentemente, fome.
Mais ovos e frango na mesa
O consumo de ovos (251 unidades per capita) subiu 9% em 2020. O de frango subiu 7%, para 45 kg por pessoa. Os números são da Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA).
Em 2020 tudo ficou mais caro por causa do custo dos insumos, muitos deles importados, para a criação dos animais e alta demanda externa de países como a China. A carne suína subiu 29,5%; o frango (17,1%); a carne bovina (16,2%); e o ovo (11,4%).
Mudança veio para ficar
O presidente da ABPA, Ricardo Santin, afirmou ao Poder360 que esse cenário permanecerá mesmo depois da pandemia: “Vai haver um ‘boom’ ainda maior no consumo de frango, suíno e de ovos”.
Na avaliação do especialista, a chegada da crise acelerou um rearranjo na participação dos diferentes tipos de proteína na cesta de compras da população. Segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o brasileiro consumirá neste ano a menor quantidade de carne vermelha por pessoa em 25 anos.
Santin explica que o início do pagamento do auxílio emergencial ajudou as famílias a comprar mais frangos, ovos e suínos. “Agora nos primeiros 6 meses de 2021, repete-se esse fenômeno: aumento do consumo”.
Porém os preços vão subir ao longo do ano, avalia o especialista. “A gente foi resiliente na pandemia. Investimos mais de R$ 1 bilhão para não deixar as plantas pararem, protegendo os trabalhadores e não deixando faltar comida. Não aconteceu aqui o que aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, de falta de comida na prateleira. Mas agora a gente a gente está perdendo um pouco o fôlego por conta do aumento do preço do milho e do farelo de soja”.
Para se ter uma ideia, insumos compõem de 70% a 80% dos custos de produção do setor. De janeiro de 2019 até julho de 2021, em média, o preço do milho saltou 170% e a soja, 120%. Nem as embalagens escaparam da inflação. Os pacotes flexíveis de polietileno subiram 91% de julho de 2020 até abril deste ano.
O aumento dos custos será repassado ao consumidor e o preço das proteínas seguirá elevado em 2021, estima Santin.
Fonte: CUT, com informações do Poder360