Inverno começa hoje e terá temperaturas acima da média

Manutenção das massas de ar seco na região central do Brasil deve impedir que frentes frias avancem para o interior do país. La Niña deve se instalar entre o fim de julho e o começo de agosto.

Nesta quinta-feira (20), às 17h51, começa oficialmente o inverno no Brasil, e as previsões meteorológicas indicam que a estação terá temperaturas acima da média e pouca chuva. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o inverno se estenderá até o dia 22 de setembro.

Vinícius Lucyrio, meteorologista da Climatempo, ressalta que a tendência é de um inverno quente, semelhante ao outono que foi marcado por dias quentes e secos. “A previsão é de temperaturas acima da média nos próximos três meses, especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde é esperado um calor persistente,” explica Lucyrio.

Dois fatores principais contribuem para essa anomalia climática: a persistência de bloqueios atmosféricos, que limitam a entrada de massas de ar frio no interior do país, e as águas aquecidas do Oceano Atlântico, que alteram os padrões climáticos típicos do inverno influenciado pelo fenômeno La Niña.

Apesar das expectativas de um inverno predominantemente quente, os meteorologistas alertam que períodos de frio ainda ocorrerão, com uma variabilidade térmica maior em comparação ao ano passado. Curto períodos de geadas e até neve são possíveis no Sul, sul de Mato Grosso do Sul e algumas áreas de São Paulo entre a segunda quinzena de julho e o início de setembro.

Previsões regionais e fenômenos climáticos

O inverno de 2024 deverá ser caracterizado pela continuação dos bloqueios atmosféricos que elevaram as temperaturas durante o outono e impediram o avanço de frentes frias. A ocorrência do El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, contribui para o aumento global das temperaturas.

Os meteorologistas destacam cinco principais tendências climáticas para o inverno:

  1. Ondas de Frio: Apesar das temperaturas médias elevadas, algumas ondas de frio devem ocorrer, com maior potencial de geadas e neve no Sul do Brasil e em áreas específicas de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
  2. Ondas de Calor: São esperadas novas ondas de calor, especialmente no final do inverno, com temperaturas muito acima da média nos meses de agosto e setembro.
  3. Seca na Amazônia: A região amazônica continuará enfrentando chuvas reduzidas, com uma tendência de baixa acentuada nos níveis dos rios até outubro, podendo igualar as condições observadas em 2023.
  4. Chuvas no Nordeste: As capitais do leste nordestino podem enfrentar chuvas intensas em julho, apesar de uma tendência geral de volumes entre a média e um pouco abaixo.
  5. Queimadas: Com a irregularidade das chuvas e o solo seco, espera-se um aumento significativo dos focos de queimadas em relação a 2023.

La Niña e suas implicações

Segundo a Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), o Oceano Pacífico está em uma fase neutra, sem a influência de El Niño ou La Niña. No entanto, há uma tendência de resfriamento que sugere a instalação de La Niña nos próximos meses. Este fenômeno, que resfria as águas do Oceano Pacífico, pode resultar em um aumento das chuvas no Norte e Nordeste do Brasil e em tempo mais seco no Centro-Sul, com uma maior entrada de massas de ar frio.

Previsão mensal detalhada

  • Julho: Pode ser o julho mais quente já registrado, com bloqueios atmosféricos afetando o Centro-Oeste e Sudeste. O Sul e Norte terão temperaturas acima da média e chuvas reduzidas. A faixa leste do Nordeste pode ter chuvas acima da média em algumas áreas.
  • Agosto: Variabilidade maior de temperaturas no Sul e mais calor no oeste de São Paulo e Rio de Janeiro. Chuvas ainda abaixo da média, mas mais frequentes que em julho.
  • Setembro: Ondas de calor são prováveis, com temperaturas acima da média. Chuvas devem ficar abaixo da média em quase todo o país, com grandes amplitudes térmicas em São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

O inverno de 2024 promete ser atípico, com predomínio de calor e eventos climáticos extremos, desafiando os padrões tradicionais da estação.

Fonte: Guia Muriaé