Quais os diferentes tipos de limite de cartão de crédito?
O cartão de crédito pode até estar perdendo seu reinado para o Pix como o principal meio de pagamento do país, mas ele está bem longe de ser deixado de lado. Em 2021, aproximadamente 65 milhões de brasileiros usaram o cartão, segundo o último relatório de economia bancária do Banco Central, divulgado em outubro de 2022.
Ou seja, quase 40% da população adulta do país usou a linha de crédito pré-aprovada – que nada mais é do que o limite do cartão de crédito.
No primeiro semestre de 2022, o uso do cartão de crédito cresceu 42,2% na comparação com os primeiros seis meses de 2021, de acordo com a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartão de Crédito e Serviços). E, pela primeira vez, o cartão registrou R$ 1 trilhão em pagamentos dentro de um período de seis meses.
Com o crescimento desse meio, várias opções para aumentar o limite e, assim, disponibilizar mais crédito para as pessoas começaram a aparecer. Em algum momento, você deve ter ouvido falar em limite extra, limite flexível e limite adicional. Mas será que tudo isso é a mesma coisa? Não exatamente. Veja mais abaixo.
Como funciona o limite do cartão de crédito?
O limite do cartão de crédito é um empréstimo. É o valor máximo que uma instituição financeira pode liberar para alguém usar no curto prazo e sem juros, se o pagamento acontecer até a data de vencimento. Existe um motivo para esse “pode liberar”. É que a instituição financeira só oferece um valor que ela confia que terá de volta.
Alguns fatores podem aumentar ou diminuir esse nível de confiança e, por consequência, o valor do limite do cartão:
* Histórico de pagamento: nome negativado, atrasos no pagamento de alguma conta ou inadimplência afetam a confiança da instituição financeira e, por consequência, reduz o valor do limite.
* Renda: ter uma renda maior não garante um limite alto, apenas demonstra que uma pessoa tem uma capacidade maior de pagamento do empréstimo – ou seja, da fatura.
* Score: o score é um indicador do perfil financeiro definido pela Serasa, e pode ser consultado por empresas e bancos. Ele é uma pontuação entre 0 e mil que indica a probabilidade de alguém atrasar ou não o pagamento de uma conta. Quanto mais próxima a pontuação estiver de mil, melhor é o perfil financeiro da pessoa.
Tudo isso ajuda a definir o limite do cartão de crédito. Como esses indicadores são muito individuais, o limite varia de pessoa para pessoa e pode mudar caso haja uma alteração nos fatores que definem esse valor.
O que é limite adicional?
Algumas instituições financeiras oferecem um limite a mais, um crédito extra, diferente do limite do cartão de crédito que você usa para fazer qualquer transação.
Em linhas gerais, esse limite adicional tem objetivos: ele é destinado para fazer determinados tipos de compras ou pagar contas específicas. Em muitos casos, esse valor pode ser temporário e liberado apenas em datas comemorativas, como Black Friday e Natal.
O valor desse limite adicional também pode variar de pessoa para pessoa, considerando os mesmos critérios para o limite normal do cartão de crédito.
Limite extra e limite adicional são a mesma coisa?
Sim. O que pode mudar é a dinâmica dessa oferta dependendo da instituição financeira, mas se trata de um crédito a mais no seu cartão e, normalmente, para objetivos específicos.
Limite adicional é a mesma coisa que cartão adicional?
Não. O cartão adicional é um cartão diferente daquele utilizado pelo titular, que é o “dono” do cartão principal, mas que compartilha o mesmo limite.
Por exemplo: se você tem R$ 2 mil de limite e pede um cartão adicional para a sua mãe, os dois cartões vão compartilhar os mesmos R$ 2 mil. Não há uma divisão exata desse limite, mas um compartilhamento.
Ou seja, num mês você pode consumir R$ 1.500 do limite e sua mãe R$ 500, e no outro ela pode usar R$ 1.800 e você R$ 200. Não importa em qual cartão será feita a transação: neste exemplo, o limite segue sendo R$ 2 mil para os dois cartões juntos.
Além disso, no cartão adicional o responsável pela fatura é o “dono do limite” – o titular do cartão principal.
O que significa limite flexível?
Um cartão de crédito com limite flexível é aquele que não tem um limite fixo para o consumidor. Na prática, esse valor disponível se adapta ao histórico de gastos da pessoa. É comum acreditar que, neste caso, não existe um limite ou que o cartão é “sem limite“. Mas não é bem assim.
A maior parte dos cartões de crédito no Brasil possui limite de crédito preestabelecido. Quando não há um limite explícito não quer dizer que o valor é infinito. Apenas quer dizer que ele não é específico e nem constante.
Como a operadora do cartão conhece a renda dos clientes, seus comportamentos de compra e o histórico de pagamentos, ela sabe até que ponto pode liberar esse empréstimo de curto prazo. E pode, sim, recusar uma compra se considerar que ela está fora do padrão da pessoa.
É por isso que, geralmente, cartões com limite flexível são voltados para pessoas de alta renda e alta capacidade de pagamento.
Conhecer seu custo de vida mensal, saber para quais categorias o dinheiro está indo, onde é possível fazer cortes, ganhar benefícios. Quando bem usado, o cartão de crédito é mais do que um meio de pagamento, ele é uma ferramenta de organização financeira.
Mas nem todo mundo sabe disso, e o resultado é que muita gente se endivida com ele. Segundo pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio), em setembro de 2022, 79,3% dos brasileiros tinham contas a vencer e 85% dos endividados afirmavam que o cartão era a principal dívida.
Por isso, ter um limite a mais no cartão de crédito não é uma licença automática para gastar mais, e requer cuidado redobrado. Carlos Castro, planejador financeiro da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), lista algumas estratégias para você não se enrolar com os limites do seu cartão de crédito.
O limite do cartão de crédito não é sua renda
“Não use o cartão e nem o cheque especial como uma extensão da sua renda. Cartão não é uma linha de custo na sua planilha”, afirma.
Ainda que você utilize o cartão para centralizar o seu custo de vida do mês, não é recomendável que o limite seja o ponto de partida dessas despesas. Lembre-se: ele é apenas um empréstimo de curto prazo. A base para os seus gastos precisa ser o quanto você de fato ganha no final do mês.
Levante sua renda e seu custo de vida
“O planejamento é sempre a saída. É preciso olhar o padrão de consumo, entender os gastos essenciais e o quanto eles comprometem a renda. Dependendo da renda, 50% pode ser para gastos essenciais, 30% para gastos sociais, comer fora e lazer, e 20% para começar uma reserva de emergência”, diz Carlos Castro.
E o que isso tem a ver com o limite do seu cartão? Quando você sabe seu custo mensal e sua renda, consegue planejar melhor o seu orçamento e fazer ajustes.
Por exemplo: se você ganha R$ 3 mil, o recomendável é que seu custo de vida não ultrapasse esse valor. Nessa história toda, o cartão de crédito é só uma ferramenta e os gastos feitos com ele precisam entrar dentro do seu custo de vida.
Tenha previsibilidade de pagamento
Não adianta concentrar todos os gastos no cartão de crédito e, também, gastar todo o salário com outras coisas. Por isso, na hora de usar o cartão, mesmo em pagamentos à vista, tenha já na conta o dinheiro do pagamento da fatura. Não projete uma dívida para a próxima fatura sem a certeza de que terá renda para pagá-la.
Pague o valor total da fatura
Pagar o valor mínimo da fatura e entrar no crédito rotativo não é o mais indicado e deve ser evitado. Isso porque a taxa de juros dessa modalidade é uma das maiores do mercado. É por isso que o valor total do cartão não pode ser maior do que a sua renda.
Se algo aconteceu e você se enrolou, busque alternativas para não cair no rotativo, como o parcelamento do valor total. Veja aqui quando ele vale a pena.
Acompanhe o seu limite
Se você está usando um limite maior do que a sua renda, diminua o valor desse crédito. Hoje, grande parte das instituições financeiras permite que você reduza seu limite direto no aplicativo, ou em algum canal de atendimento.
Fonte: Nubank