Saiba como era o carnaval antigamente em Muriaé; fotos e vídeos
O carnaval de antigamente trás boas recordações a muitos muriaeenses. Os bailes do Muriaé Tênis Clube (MTC) e nos salões de José Canêdo, além dos desfiles de blocos, matinês e teve a época de desfiles na Avenida Juscelino Kubitschek…
Desta forma, o Guia Muriaé perguntou a alguns muriaeenses quais foram os momentos mais marcantes nesse período, na tentativa de resgatar um pouco da história da folia na cidade. Confira abaixo alguns relatos e envie o seu via comentário!
Veja mais abaixo também um histórico do carnaval em Muriaé, fotos e vídeos do carnaval de antigamente na cidade.
Relatos
Os blocos faziam a festa dos foliões. “Lembro que tinha o Bloco do Gambá e que um dos organizadores era o Hildebrando, que morreu ha poucos dias. No fim dos anos 80, ele me contratou para fazer uma alegoria. Fiz um gambá de 2,5 metros de altura, segurando uma garrafa. O gambá saiu em cima de um carro todo enfeitado”, recorda João Vargas.
Os bailes de carnaval do MTC marcaram a vida de muitos muriaeenses, entre elas Tânia Gusman. “Só tenho boas lembranças dos bailes do MTC. A festa era sempre muita animada e sadia. Meu marido (Lucio Gusman) e eu participávamos fantasiados e nos divertíamos bastante. A banda ao vivo botava todos para dançar no salão. Já no carnaval de rua, lembro do Guilherme Dornelas com seu bloco”, disse.
A euforia na época era tanta, que os muriaeenses pulavam os quatro dias de folia quase ininterruptamente. “Participei dos carnavais de 1973 para cá, escolas de samba e blocos na Praça João Pinheiro, depois os bailes no MTC, antes dava um ‘pulinho’ no baile dos ‘Canêdos’. Foram tempos bem vividos, o ‘ritual’ nos empolgava: desfiles dos blocos, escolas de samba e fechava a noite no mtc, isso nos 4 dias da festa”, lembra Asise Resgala Filho.
No final das contas, o carnaval ‘juntava’ o povão e a elite muriaeense. “Antigamente haviam dois carnavais na cidade: o ‘povão’ ia para o ‘Canedão’ e a sociedade rica ia para o MTC. Nos final dos bailes, todos se encontravam e acabavam dando uma volta pela rua. No carnaval de rua, os blocos que sobressaiam. Eu desfilei pelo ‘Bloco das Piranhas’ e pelo ‘Vem-Quem-Quer’. Lembro da alegria das matinês que terminava com a meninada dependurada nos carros a sair até a Praça João Pinheiro”, disse Jackson Fernandes.
Histórico do carnaval de Muriaé, por Dorinha
O trecho abaixo é parte do livro “Muriaé: de Marlière até agora”, de autoria de Maria Auxiliadora de Faria (Dorinha).
Os primeiros registros históricos da festa de carnaval em Muriaé são de 1910, quando dois clubes carnavalescos animavam a cidade: o “Rompe e Rasga”, com sede na Barra, e “Os Democráticos”, com sede no Rosário.
O “Rompe e Rasga” aparecia sempre com um elenco de 30 a 40 rapazinhos vestindo as mais diversas fantasias. Não cantavam, apenas gritavam, batendo nas latas. As apresentações do “Clube dos Democráticos” não se diferenciavam muito do “Rompe e Rasga”, porém, um mês antes do Carnaval, saía todas as noites o boneco Zé Pereira, com sua gritaria infernal, cantando: “Viva o Zé Pereira / Atrás da bananeira / Bebeu, comeu, bebeu / Ficou com bebedeira”.
Alguns foliões saíam às ruas com intuito de criticar os costumes ou a administração pública, imitando ou arremedando as pessoas de influência política.
Com o aparecimento dos lança-perfumes, dos confetes e das serpentinas, houve modificações nas brincadeiras.
As batalhas de confete, serpentinas e lança-perfumes aconteciam na Praça João Pinheiro e eram concorridíssimas. Até o Padre José Brandão, Vigário da Paróquia São Paulo, entrava na brincadeira, com a batina levantada e presa à cintura com o cordão de seu hábito. O grupo mantinha as batalhas durante os três dias consecutivos.
Apareceram, depois, três cordões: o “Cordão das Violetas”, com meninas de 10 a 14 anos, o “Cordão dos Cravos”, só de rapazes, e o “Cordão das Pipirinhas”, só de moças. Os grupos eram bonitos e alegres, cantando músicas especialmente compostas para eles, ou, então, as músicas eram escolhidas entre as de maior sucesso do carnaval do Rio de Janeiro. Outros blocos e outros cordões foram organizados como o dos “Brocas”, tendo à frente o maestro João de Souza e os músicos Bernardo Alves e Sebastião Laviola.
O bloco “Limão, Pimenta e Sal” não conquistou o público e saiu de cena. Mais tarde, dois blocos animaram, por alguns anos, o carnaval da cidade: o “Bloco dos Cotubas”, dos negros com as fantasias em branco e preto, e o “Bloco dos Destemidos”, dos mulatos, com fantasias em branco e vermelho.
Outros blocos surgiram depois na cidade: “Flor do Abacate” e “Quem Fala de Nós Tem Paixão”. Eles desfilaram pela cidade e dançavam nos salões de José Canêdo. Sempre houve, em todos os tempos, o “Bloco do Boi Pintadinho”.
Houve uma época em que saía às ruas o “Bloco dos Mascarados”. Não usavam fantasias, apenas um capuz na cabeça cobrindo o rosto onde eram feitos buracos para os olhos, nariz e boca. Mexiam com os outros, pulavam e batiam lata. Certo ano, um mascarado assassinou um senhor na porta de sua casa e fugiu correndo entre a multidão. Nunca, ninguém soube quem foi o assassino. Desde esta época ficou proibido qualquer “bloco de mascarados” sair às ruas.
Em 1964 apareceu a “Escola de Samba Acadêmicos do Rosárío” com o samba-enredo “A Mãe Preta”, letra do padre Nonato Carvalho e música de Manoel Torres e Rossini. A escola animou o carnaval muriaeense mais ou menos até 1969.
Outras Escolas de samba surgiram depois, com a participação dos moradores dos bairros Santa Rita, Safira, Planalto e outra com moradores dos bairros Santa Terezinha, Porto e adjacências.
Fotos do carnaval de antigamente em Muriaé
A maioria das fotos foram compartilhadas por muriaeenses no grupo “Muriaé Fundo do Baú” no Facebook, outras fazem parte do acervo do Memorial Municipal.
Vídeo – Carnaval MTC 1978
Compartilhado por Paulo Junior.
Vídeo – Carnaval MTC 1987
Compartilhado por Adson Portes.
Fonte: Guia Muriaé