Futebol aproxima ainda mais chilenos e mineiros com a Copa do Mundo de 2014
O futebol é o elemento que mais aproxima chilenos e mineiros há décadas. A relação se fortaleceu em confrontos entre equipes do Chile e de Minas Gerais, principalmente o Cruzeiro Esporte Clube (CEC), na década de 1990, pela Taça Libertadores. Os bons resultados naquelas terras acabaram rendendo à Raposa o apelido, dado pela imprensa local, de La Bestia Negra, título que faz parte de música da torcida celeste.
Fora de campo, a proximidade entre as duas potências no futebol começou a viver seu momento áureo a partir da escolha da Toca II, centro de treinamento do Cruzeiro, como sede da Seleção Chilena durante a Copa do Mundo de 2014. O espaço já é conhecido por eles. Em abril do ano passado, eles se hospedaram no local em preparação para amistoso contra o Brasil, num jogo disputado no estádio do Mineirão. Ao justificar a escolha, o presidente da federação chilena, Sergio Jadue, chamou o CT de “o melhor centro desportivo do Brasil”.
Para torcer pela sua Seleção, chilenos já se preparam para acompanhar as partidas no Brasil e, mesmo sem um jogo previsto na primeira fase no Mineirão, alguns já escolheram Belo Horizonte como primeiro destino. É o caso do administrador Felipe Salinas, 29 anos, que desembarca na capital mineira com mais sete amigos no dia 12 de junho.
Torcedor do Colo-Colo e apaixonado por futebol, Salinas conta que decidiu vir para o estado comemorar o aniversário de 30 anos com os amigos mineiros que conheceu num projeto em Santiago. “Deixamos de assistir à estreia do Chile na Copa, em Cuiabá, para conhecer a hospitalidade e a boa comida mineira. Estou ansioso para desfrutar das belas paisagens naturais e da história de Ouro Preto. Também quero apreciar os sabores do pão de queijo e da cachaça”, justifica sua a escolha.
Depois de Minas Gerais, o grupo segue para o Rio de Janeiro, onde todos acompanharão a partida entre Chile e Espanha, e depois para São Paulo, na partida contra Holanda. O tour pelo Brasil se encerra no dia 28, quando retornam ao Chile. “Vai ser um carnaval, uma festa muito grande, com diferentes pessoas e cores”, diz o torcedor diante da expectativa de participar da Copa.
Cerca de 5 mil já compraram ingressos
Não há estimativa de quantos chilenos virão a Minas Gerais durante a Copa. Porém, em nível nacional, cerca de 5 mil torcedores daquele país compraram ingressos para assistir aos jogos da Copa do Mundo no Brasil, segundo o cônsul geral do Chile no Rio de Janeiro, Samuel Ossa. “Alguns virão acompanhados, ainda que não assistam aos jogos. Outros seguirão a nossa Seleção nas cidades onde jogam, mesmo sem entradas, e, finalmente, muitos virão desfrutar as belezas do Brasil e o ambiente que será vivido na ocasião do Mundial”, completa o cônsul.
Dados do Ministério do Turismo estimam que haverá uma circulação de cerca de 3 milhões de turistas brasileiros e 600 mil estrangeiros entre as 12 cidades-sede do Mundial. Em Minas, a expectativa é de 430 mil brasileiros e 120 mil estrangeiros circulando pelo estado. Um estudo recente realizado pela empresa espanhola Forward Data, junto com a Pires & Associados no Brasil, aponta que o número de reservas aéreas para o Brasil durante a Copa do Mundo será cinco vezes maior do que no mesmo período do ano passado (junho/julho).
“Melhor Copa da história”
Um dos estrangeiros que desembarcará em solo brasileiro será o também chileno Claudio Muñoz Asenjo, administrador de empresas, de 28 anos, que organizou um grupo de amigos para assistir à competição no Brasil. “Será a melhor Copa da história, pois acontecerá no país do futebol”, diz. Ele, que namora uma mineira, virá a Belo Horizonte no dia 25 de junho, depois de assistir às três primeiras partidas da Seleção Chilena na fase inicial da Copa. “Em Belo Horizonte, quero comer pão de queijo, feijão tropeiro e conhecer os bares”, anuncia.
Em 2014, a seleção do Chile será uma das cinco representantes sul-americanas na Copa do Mundo, ao lado de Brasil, Argentina, Colômbia, Equador e Uruguai. Ela faz parte da chave B, com estreia contra a Austrália, na Arena Pantanal, em Cuiabá (MT), no dia 13 de junho. O jogo seguinte será contra a Espanha, no Maracanã, no dia 18. No dia 23 de junho, a disputa acontecerá no Itaquerão, em São Paulo, contra a Holanda.
Do Valle Nevado para os palcos das Alterosas
Segundo dados do último Censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, 961 chilenos vivem em Minas Gerais. Um deles é Patricio Hernández Pradenas, tímpano principal da orquestra Filarmônica de Minas Gerais, desde 2012.
Patricio licenciou-se em interpretação em percussão pela Faculdade de Artes da Universidade do Chile e tornou-se professor da instituição em 1998. É reconhecido como um dos formadores de uma nova geração de percussionistas em seu país, mas foi em Minas que ele identificou uma possibilidade de crescimento profissional.
“A Filarmônica daqui é uma das melhores da América do Sul e, por isso, tive grande interesse de mudar com minha família para cá. Não conhecia nada nem ninguém e a adaptação no início foi difícil. Os filhos estranharam a nova língua, mas com o passar do tempo nos acostumamos e, hoje, eles falam português melhor que eu e minha mulher”, conta.
Um dos fatores que contribuíram com essa nova fase da família foram os novos amigos e o clima ameno da capital. “Os mineiros são muito amáveis e logo fizemos amizades. O clima também ajudou, pois o inverno é ameno e o verão, mesmo sendo bem quente, também é bom”, diz.
Dos lugares onde gosta de passear com a família em Belo Horizonte, Patrício destaca o Parque das Mangabeiras e o Municipal, além das praças da Liberdade e Raul Soares. Quanto às viagens ao interior mineiro, relata suas impressões sobre a riqueza histórica de Diamantina e Ouro Preto. “São lugares únicos com uma energia intensa que nos remete ao passado e ao legado do povo negro”.
Sobre a Copa do Mundo, o músico está otimista com a Seleção Chilena. “Nosso time é o melhor do mundo. Vou torcer de casa mesmo e ver a possibilidade da acompanhar algum treino da equipe aqui”, exalta.
Fonte: Agência Minas / Foto: Renato Cobucci/Imprensa-MG