CBA suspende, a partir de julho, atividades em Itamarati de Minas

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Tarcília, prefeita de Itamarati de Minas: superando dificuldades




A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) anunciou em abril a “transferência das operações de Itamarati de Minas para a Unidade de Miraí”, conforme nota divulgada por sua assessoria de comunicação enviada à imprensa. A empresa vai suspender as operações por cinco anos porque a barragem de rejeitos usada para armazenar o resíduo oriundo da lavagem do minério está no limite de sua capacidade. Na unidade de Itamarati vai continuar funcionando apenas o laboratório, além da recuperação das áreas lavradas e cumprindo os acordos ambientais, financeiros e trabalhistas em vigor, conforme a nota oficial da empresa.

O Site do Marcelo Lopes apurou que a empresa tem mais dez anos de exploração de minério na região de Itamarati de Minas, Descoberto e entorno. Além disso, ela já havia adquirido uma fazenda nas imediações da mineradora com o objetivo de construir ali nova barragem de rejeitos. A mudança de estratégia da empresa pode ser explicada por alguns fatores, como relação custo/benefício da bauxita que não compensaria à empresa fazer um investimento desta envergadura para apenas mais dez anos de extração e a crise internacional financeira de 2008 que atingiu o Grupo Votorantim de forma mais acentuada do que a média das empresas nacionais.




A revista EXAME publicou no dia 10 de abril último a matéria “Votorantim recorre a terceiros para produzir alumínio” que dá pistas dos problemas enfrentados pelo grupo. O texto da revista diz que a Votorantim “passou a comprar bauxita de terceiros para manter sua produção de alumínio em meio à interrupção de outorgas de lavra pelo governo”. Ainda, de acordo com a EXAME, “sem licença de lavra, a empresa enfrenta dificuldades para produzir a matéria-prima do alumínio na unidade de produção de Poços de Caldas, em Minas Gerais. A revista acrescenta que “o governo brasileiro mantém congelada há mais de um ano a emissão de outorgas de pesquisa e de lavra para aguardar as regras do novo marco regulatório do setor”. A Votorantim tem capacidade para produzir 475 mil toneladas anuais de alumínio em sua fábrica no interior de São Paulo.

imageA reportagem do Site também ouviu o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Mineração de Cataguases, Miraí, Itamarati de Minas e Região, José Isaac de Morais, para saber os impactos da decisão da empresa para os trabalhadores. Ele disse que a notícia não o preocupa porque “os empregados que quiserem continuar na empresa serão aproveitados em Miraí”. Ele revelou que desde o anúncio da paralisação das atividades da CBA em Itamarati o Sindicato fez “quinze rescisões de contrato de trabalho”, número considerado “pequeno” por ele. Isaac disse ainda acreditar no retorno da mineração em Itamarati após o período de suspensão. “A CBA está fazendo estudos muito avançados neste sentido e acredito que retomem a mineração em Itamarati”, disse otimista.




Em Itamarati de Minas o impacto da suspensão dos trabalhos de mineração da CBA causaram surpresa em todos. A Prefeita Tarcília Rodrigues Fernandes foi avisada em meados de abril da decisão da empresa, o que a deixou num primeiro momento, “atordoada”, conforme ela mesmo revelou em entrevista a este site. Passado o impacto da notícia, ela hoje vê a situação de outra maneira, e conta que o maior prejuízo para o município serão os serviços terceirizados que dependem em grande parte da CBA. “A empresa empregava muito pouca gente daqui de Itamarati e até os royalties que a gente recebia não significava quase nada”, constatou a prefeita. Quando a CBA esteve no auge da mineração naquela cidade, a prefeitura de Itamarati chegou a receber R$120 mil mensais. Em fevereiro deste ano, último mês em que recebeu aquela compensação financeira, o valor foi de R$8 mil.

Para compensar a suspensão das atividades da CBA Tarcília está agindo rápido. Contratou uma equipe de especialistas da Universidade Federal de Viçosa para fazer um estudo de viabilidade econômica do município. “O trabalho já começou e em breve esta equipe irá nos apresentar um relatório preliminar”. Paralelamente, a prefeitura está apresentando aos proprietários rurais novos programas agrícola e pecuário, além de estar incentivando um projeto de piscicultura. Na cidade age em duas frentes: a primeira através da qualificação de mão de obra por meio de cursos técnicos realizados pelo Pronatec e Senac. Atualmente dois destes cursos estão em andamento, o de costureiro e o de Garçom. “E vamos ampliar esta oferta já no segundo semestre”, informou Elaine Ferraz, Secretária Municipal de Assistência Social e Desenvolvimento Econômico.




Paralelamente a prefeitura busca ampliar o setor de confecção com oferta de terrenos para as empresas que desejarem se instalar no município e outros incentivos. Atualmente já estão em funcionamento em Itamarati seis confecções e outras seis facções (nome que se dá à terceirização da produção de uma confecção). O município conta ainda com três taxistas e 65 pontos de comércio. “Diante desta realidade estamos levantando, ainda, as pessoas que trabalham na informalidade para que possamos qualificar esta mão de obra e trazê-la para a economia formal”, explicou Elaine. Há, também programas em parceria com o SEBRAE-MG que visam criar campanhas de fortalecimento do comércio local, finalizou a prefeita, que está fazendo do limão uma limonada.

Fonte: Marcelo Lopes




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