Chuva em MG é efeito do ‘descontrole’ climático que causou furacão nos EUA; incêndios vão facilitar desastre

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Minas Gerais enfrenta um cenário climático desregulado, com a chegada de fortes chuvas após a maior estiagem das últimas quatro décadas. Segundo especialistas, esse novo padrão climático, marcado por extremos, é reflexo direto das mudanças climáticas globais, que tendem a se intensificar.

A ambientalista e especialista em recursos hídricos, Jeanine Oliveira, alerta que a população mineira está agora entre dois extremos: o calor intenso e tempestades violentas.




“Estamos presos em um ciclo de extremos: ou enfrentamos o calor sufocante, ou nos preocupamos com o risco de enchentes e deslizamentos de terra”, explica Oliveira. O aquecimento dos oceanos, o mesmo fenômeno que está gerando furacões como o Milton nos Estados Unidos, também está provocando efeitos climáticos severos no Brasil.

Oliveira aponta que o Brasil frequentemente experimenta fenômenos climáticos semelhantes aos da América do Norte, com um intervalo de seis meses e ajustados às condições locais. “Tivemos secas e incêndios florestais graves, assim como nos EUA. O furacão Milton, por exemplo, foi alimentado pelo aquecimento das águas no Golfo do México, e uma parte desse sistema desce até o Brasil, trazendo as chuvas fortes que estamos presenciando agora”, acrescenta.




Minas Gerais é o estado mais afetado pelo aumento de temperatura

O impacto do aquecimento global tem sido particularmente severo em Minas Gerais. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o estado registrou as maiores elevações de temperatura do país no último ano, que foi o mais quente da história do Brasil. Belo Horizonte foi a capital com o maior aumento, atingindo um acréscimo de 4,23º C em novembro de 2023, comparado às médias registradas desde 2000.

Esse aumento de temperatura está diretamente ligado ao desequilíbrio hídrico e ao padrão irregular das chuvas. O meteorologista Claudemir Azevedo, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), alerta que o estado está entrando em um período de instabilidade climática. “O aquecimento provoca a formação de nuvens de tempestade, que podem trazer precipitações rápidas e intensas, além de granizo em algumas regiões. Estamos apenas no início do período chuvoso, favorecido pela forte circulação dos ventos”, explica.




Azevedo destaca que as áreas com maior risco de chuvas intensas em Minas Gerais são o Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, e as regiões Oeste e Noroeste do estado. As previsões indicam pancadas intensas de chuva em um curto intervalo de tempo, seguidas de períodos de precipitação contínua durante novembro e dezembro.

Áreas de risco e efeitos das queimadas aumentam a preocupação

O retorno das chuvas, após meses de seca severa, aumenta a preocupação com a segurança das mais de 580 mil pessoas que vivem em áreas de risco geológico no estado, conforme aponta um estudo do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Na capital, Belo Horizonte, a região do Barreiro já entrou em alerta de “risco geológico forte”, com as autoridades recomendando atenção aos sinais de saturação do solo e possíveis deslizamentos.




Além das áreas urbanas, as queimadas recentes em Minas Gerais agravam ainda mais o risco de desastres naturais. Somente em setembro, o Corpo de Bombeiros registrou quase 300 incêndios em um único dia. A chuva desta quinta-feira (10) foi responsável por extinguir um incêndio que durou quatro dias na Serra da Moeda, na região central do estado.

Jeanine Oliveira ressalta que a degradação do solo, causada pelos incêndios, aumenta o risco de deslizamentos e enchentes. “A ausência de vegetação impede que a água da chuva seja absorvida adequadamente pelo solo, que, sem raízes, não consegue reter a água. Isso provoca o acúmulo de água nos vales, levando a enchentes e deslizamentos”, alerta a ambientalista.




Com a chegada do período chuvoso, a situação climática em Minas Gerais demanda atenção redobrada, especialmente em áreas de risco, onde o solo já foi severamente afetado pelos incêndios recentes. O impacto das mudanças climáticas promete ser cada vez mais presente no cotidiano dos mineiros, que devem lidar com extremos de calor e precipitações nos próximos anos.

Fonte: Guia Muriaé, com informações do Jornal O Tempo




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