Presos estudam em salas de aula que ajudaram a construir em Mariana e Ouro Preto
Os detentos de Mariana e Ouro Preto terão a oportunidade de trilhar uma nova trajetória quando retornarem ao convívio social. Durante o cumprimento da pena, eles estão tendo a chance de avançar na formação escolar. Além disso, as salas de aula foram construídas por presos selecionados pelas equipes técnicas dos presídios e capacitados em cursos de formação de pedreiro, graças a uma parceria entre a Secretaria de Estado de Defesa Social e governo federal, por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
A sala de aula do Presídio de Mariana foi construída por 26 detentos e atende hoje 16 presos matriculados no mês passado no Ensino Fundamental. O diretor do presídio, Josibel Ferreira, informa que o próximo passo será abrir, no segundo semestre, vagas para mais 45 sentenciados no Ensino Médio.
No presídio de Ouro Preto, já existe uma escola em funcionamento que atende a 21 detentos do regime semiaberto. As duas salas de aula em construção por quatro presos, com entrega prevista para setembro, foram dimensionadas para atender 50 detentos do regime fechado.
As equipes técnicas dos presídios de Ouro Preto e Mariana analisaram previamente a capacidade e o comportamento dos presos que poderiam participar do projeto de construção.
Em Ouro Preto, o agente penitenciário José Eduardo, selecionado para ser instrutor, dá aulas teóricas e práticas para os presos. José Eduardo fez curso de qualificação em alvenaria e trabalhou muitos anos como pedreiro. “Os detentos que treinei poderiam, hoje trabalhar em qualquer lugar, sem nenhum problema”, afirma o agente.
Ainda há três analfabetos no regime fechado do Presídio de Ouro Preto. A maioria dos detentos possui Ensino Fundamental incompleto. Eles são 67% do total. Já os presos com Ensino Médio incompleto representam 30%. Há apenas um detento com Ensino Médio completo.
A diretora do estabelecimento prisional, Isabella de Oliveira, observa que muitos detentos que estão na unidade se abandonaram os estudos e se envolveram com o crime muito cedo e alguns nem sequer chegaram a trabalhar em uma atividade lícita.
O detento Edson Gomes, hoje com 33 anos de idade, até que trabalhou, como servente de pedreiro, mas parou de estudar aos 16. Ele diz que perdeu muitas oportunidades pela falta de um certificado de qualificação profissional e também de um diploma, pelo menos do Ensino Fundamental. Na prisão, conseguiu fazer o curso de pedreiro. Ele diz que, agora, quer concluir ao menos o Ensino Médio.
“Tenho três filhos e quero que eles se espelhem na minha mudança, no novo homem que eu estou me tornando. Parei de estudar por molecagem, não achava importante. Por conta disso, passei por muitas dificuldades. Quando sair da prisão, terei que ter o dobro de qualificação dos concorrentes para conquistar uma colocação profissional”, observa Edson.
Antônio Carlos Simão, de 34 anos, é um dos detentos que participaram da construção da sala de aula no Presídio de Mariana. Atualmente, cursa a 6ª série do Ensino Fundamental. Ele conta chegou a perder uma oportunidade de ser promovido para a vaga de conferente no último emprego que teve antes de ser preso por que não tinha o Ensino Médio.
“É muito válido terminar os estudos dentro do lugar que você construiu, tem um grande significado e está valendo a pena. Para quem sabe abraçar, o presídio apresenta algumas oportunidades”, diz.
Fonte: SEDS-MG