UFMG pesquisa produção de energia a partir de marmitex descartado em presídio de Minas

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Um projeto do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais está testando o aproveitamento das embalagens de alumínio para comida de presos, os chamados marmitex, para a produção de gás hidrogênio, fonte de energia, e coagulante para tratamento de efluentes poluídos. A pesquisa utiliza marmitex descartado pelo Presídio Inspetor José Martinho Drumond, de Ribeirão das Neves, e é orientada pelo professor Rochel Montero Lago, doutor em Química Inorgânica pela Universidade de Oxford (Inglaterra).




Trabalham no estudo, que faz parte de um projeto mais amplo chamado Presídio Sustentável, alunos de mestrado e de graduação, com o suporte do Laboratório de Tecnologias Ambientais da UFMG. A mestranda Thaís Helena de Oliveira Norte explica que o gás hidrogênio pode ser usado em fogões e no aquecimento de água em chuveiros, por exemplo.

A ideia da parceria foi do agente penitenciário Ricardo Luiz Nascimento dos Santos, que procurou o Departamento da Química da UFMG para falar do projeto de compostagem com sobras de comida já implantado no Presídio José Martinho Drumond e de um teste que ele mesmo fez com o alumínio de marmitex para produção de energia. O produto da compostagem é adubo, que vem sendo usado na horta e nos jardins do presídio.




Servidor do Dutra Ladeira há 10 anos, Ricardo sonha em transformar a Martinho Drumond em unidade prisional sustentável e modelo na gestão de resíduos. Há coleta seletiva e os restos de comida que antes eram descartados são convertidos em adubo. Até agora, foi produzida uma tonelada e meia de adubo a partir de oito toneladas de alimento não consumido.

Agora, o intuito é aproveitar as quatro toneladas de alumínio descartadas por mês na unidade e transformá-las em produto com valor agregado. Mesmo em fase de experimentação, o projeto se mostra promissor. A pesquisadora Thaís conta que a equipe do laboratório está entusiasmada e espera bons resultados. “A gente quis contribuir e acredita que após a fase de testes será possível e viável escrever um projeto para submetê-lo a alguma agência financiadora”, diz a mestranda.




O experimento

No Laboratório de Tecnologias Ambientais, a equipe já realizou 31 experimentos para verificar como pode ser feita a transformação do alumínio em fonte de energia. A primeira etapa foi encontrar um mecanismo para a remoção total da gordura e dos restos de alimentos do marmitex. Por causa desse inconveniente, as empresas do ramo de reciclagem rejeitam o material. A solução dada pelos pesquisadores foi um tratamento térmico simples, a 350 graus Celsius.




No estágio seguinte, produz-se uma reação química do alumínio com ácido clorídrico e soda cáustica, que gera gás hidrogênio e também compostos de alumínio que podem ser utilizados como coagulantes em estações de tratamento de esgoto.

Os agentes penitenciários Ricardo e Anderson Júnior, que também colabora na busca de ganhos de sustentabilidade do presídio, estão otimistas com a possibilidade de instalar uma usina de energia no Presídio Inspetor José Martinho Drumond. “Se depender do apoio da direção da unidade e do empenho dos detentos, seremos a primeira unidade prisional do Estado a ter este tipo de energia”, vislumbra Ricardo.




Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio

A equipe da UFMG vai inscrever o trabalho na 13ª edição do Prêmio Alcoa de Inovação em Alumínio, que premia aplicações inovadoras do metal. As graduandas que participam da pesquisa podem pleitear bolsas de extensão universitária da própria UFMG.




Fonte: Seds MG




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