Uísque, ciúme e ameaças: saiba detalhes do inquérito sobre assassinato no Anel Rodoviário
De acordo com a Polícia Civil, sem álcool e sem arma, crime não teria ocorrido
A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu, na última segunda-feira (25/9), as investigações que apuraram o homicídio de um homem, de 38 anos, no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Os fatos ocorreram na madrugada do dia 25 de agosto, e um conhecido da vítima, de 48 anos, permanece preso pelo crime.
A equipe do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP) apurou que um dia antes, os envolvidos estavam em uma conhecida churrascaria na Zona Sul de Belo Horizonte, estando presentes também a namorada da vítima e um amigo do suspeito. Em determinado momento, após todos terem consumido bebidas alcoólicas, a vítima iniciou tumultos no estabelecimento e todos foram colocados para fora antes que a vítima entrasse em vias de fato com o suspeito.
Do lado de fora da churrascaria, a vítima passou a perseguir e ameaçar o suspeito, cada qual em um veículo, até alcançarem o Anel Rodoviário. As ameaças foram gravadas em vídeo pelo suspeito, e a própria vítima as enviou para o suspeito por aplicativo de mensagens para o suspeito e amigos. Em dado momento, o suspeito disse à vítima que iria matá-la “em legítima defesa”. Na altura do KM 04 do Anel Rodoviário, sentido Rio de Janeiro, ele cometeu o homicídio.
O delegado responsável pelo caso, Guilherme Catão, explica os motivos pelos quais a PCMG descartou a hipótese de legítima defesa defendida pelo investigado. “Na versão do suspeito, quando eles chegaram ao ponto do Anel Rodoviário onde ocorreu o crime, o investigado alega que achou que a vítima estava portando uma arma de fogo. Porém, o laudo pericial não encontrou nenhuma arma de fogo; não houve nenhum disparo no carro do suspeito para indicar uma possível troca de tiros entre eles. Mas nesse momento do encontro, o suspeito desferiu oito disparos de arma de fogo de calibre 9 mm, matando a vítima”, detalha o delegado.
Motivação
Guilherme Catão revelou que a principal motivação para o homicídio seria um conflito entre a vítima e a namorada dentro da churrascaria. “A vítima teria manifestado vontade de ir embora, mas a namorada não queria. O suspeito então teria intervindo e pedido para que a mulher ficasse então. Foi nesse momento que os ânimos da vítima teriam se exaltado e provocado a primeira reação contra o suspeito – potencializada pelo álcool, muito importante frisar isso”, disse o delegado, contando que eles já tinham tomado quase duas garrafas de whisky naquela noite.
“Ou seja, no início era uma discussão entre vítima e namorado, que o suspeito intercedeu em favor da namorada para que ela permanecesse no local e, então, começou a se acirrar os ânimos entre vítima e suspeito”, complementou a chefe do DHPP, delegada Alessandra Wilke.
Catão explica, ainda, que imediatamente à consumação do crime, o suspeito já foi desmontando a arma, dirigindo – ele atuava como armeiro também – e se desfazendo das peças da pistola ao longo do Anel Rodoviário.
Inicialmente foragido, o suspeito havia negociado sua entrega à polícia, mas ele não apareceu. Então, quatro dias depois, a equipe do DHPP prendeu ele na Região Hospitalar de Belo Horizonte. A prisão temporária dele já foi convertida em preventiva após seu indiciamento. Ele possui antecedentes criminais por ameaça, estelionato, falsificação de documento público, apropriação indébita, vias de fato/agressão, lesão corporal, embriaguez ao volante, dano e uso de drogas.
Fonte: PCMG