Bom funcionamento do intestino é importante para o corpo e para as emoções
"Segundo cérebro" precisa de atenção
O intestino, frequentemente descrito como o “segundo cérebro”, continua a surpreender os cientistas com suas funções essenciais. Nele, residem colônias de microorganismos que desempenham um papel crucial na regulação da saúde e até das emoções dos seres humanos. Esse conjunto de bactérias, vírus, leveduras e protozoários, conhecido como microbiota, vive em várias partes do corpo, mas a maior concentração está no intestino grosso, conforme explica Fabio Nachman, chefe do Serviço de Gastroenterologia do Hospital Universitário Fundação Favaloro.
Segundo a Clínica Mayo, o revestimento intestinal, como outras superfícies do corpo, é coberto por microbiomas, ecossistemas invisíveis ao olho humano. Embora imperceptíveis, essas comunidades são fundamentais para o funcionamento adequado do organismo, sendo responsáveis por fortalecer os sistemas imunológico, metabólico e nervoso. Além disso, o intestino está diretamente conectado ao cérebro pelo nervo vago, o que permite a troca de sinais nervosos e emocionais.
A importância do equilíbrio da microbiota
Manter a microbiota em equilíbrio é essencial para garantir qualidade de vida. Alterações nesse ecossistema, conhecidas como disbiose, podem resultar em inflamações e contribuir para o desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes e até câncer. Nachman ressalta que a biodiversidade bacteriana é crucial para a resiliência do organismo frente a fatores estressores.
A saúde da microbiota é fortemente influenciada pelo estilo de vida. A coach de saúde certificada, Yael Hasbani, aponta que hábitos diários impactam diretamente na formação e preservação desse ecossistema. Fatores como a alimentação, a prática de exercícios físicos e até o ambiente em que se vive podem promover ou prejudicar o equilíbrio microbiano. “Cada microbiota é única e irrepetível, sendo tão importante quanto o DNA”, afirma Hasbani.
Alimentação como aliada da saúde intestinal
De acordo com o pesquisador Gabriel Vinderola, da Universidade Nacional do Litoral, a dieta é o principal fator que determina o estado da microbiota. Uma alimentação saudável e diversificada é capaz de melhorar as funções intestinais e, consequentemente, otimizar a saúde geral do organismo.
Hasbani destaca a importância de prebióticos e probióticos para a saúde intestinal. Os prebióticos, presentes nas fibras vegetais, não são digeridos no intestino delgado, chegando ao cólon, onde estimulam o crescimento de bactérias benéficas. A Clínica Mayo recomenda uma ingestão diária de 21 a 25 gramas de fibras para mulheres e de 30 a 38 gramas para homens. Os probióticos, por sua vez, são microorganismos vivos que auxiliam no equilíbrio da microbiota.
Alimentos essenciais para uma microbiota saudável
Especialistas indicam cinco grupos alimentares essenciais para a manutenção da microbiota:
- Frutas e verduras: A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo diário de pelo menos 400 gramas desses alimentos. A variedade é importante, incluindo opções frescas, cozidas e cruas.
- Cereais integrais: Itens como aveia, cevada e arroz integral são ricos em fibras e nutrientes.
- Leguminosas: Feijões, lentilhas e grão-de-bico são fontes importantes de fibras e devem ser consumidos regularmente.
- Sementes: Chia, linhaça e gergelim são indicadas pelos seus altos teores de nutrientes.
- Iogurte e alimentos fermentados: Produtos como iogurte, chucrute e kombucha são ricos em probióticos, essenciais para o equilíbrio intestinal.
Fatores de risco para a microbiota
O uso frequente de medicamentos como antibióticos e anti-inflamatórios pode prejudicar a microbiota, eliminando bactérias benéficas. Além disso, o consumo excessivo de açúcar, álcool e gorduras também pode afetar negativamente esse ecossistema, destaca Hasbani.
Compreender e cuidar da microbiota é fundamental para promover uma vida mais saudável, tanto no aspecto físico quanto emocional. O intestino, de fato, mostra-se como um órgão central para o bem-estar humano.
Fonte: Guia Muriaé, com informações do Jornal O Globo