Dia Mundial do Câncer: atividade física contribui significativamente para a redução do risco da doença
FEBRASGO faz um alerta importante sobre a adoção de hábitos saudáveis como forma de prevenção
O Dia Mundial do Câncer, 4 de fevereiro, representa uma ação global coordenada pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com foco na atenção primária para o controle da doença, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) faz um alerta importante sobre a adoção de hábitos saudáveis como forma de prevenção. Fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool e a ingestão elevada de alimentos, caracterizada por dietas altamente calóricas com um índice elevado de carboidratos e gorduras, estão diretamente associados a um aumento significativo no risco geral de desenvolvimento de câncer.
Segundo o INCA, de 2023 a 2025, serão diagnosticados 704 mil novos casos de câncer por ano no Brasil. Dentre os principais tipos de câncer que exigem atenção e monitoramento regular por parte das mulheres, destacam-se o câncer de mama, câncer de cólon e reto, câncer de endométrio, câncer de esôfago, câncer de vesícula biliar, câncer de rins, câncer de fígado e câncer de ovário. Esses são apenas alguns dos cerca de 22 tipos de câncer associados à obesidade e ao sobrepeso.
A Dra. Mirian Hoeschl, membro da Comissão Especializada em Ginecologia Oncológica da FEBRASGO, explica que cada tipo de câncer possui uma abordagem específica de rastreamento, permitindo a detecção de lesões iniciais que ainda não manifestam sinais e sintomas. “Em outras palavras, o rastreamento é eficaz quando não há evidências visíveis que suscitam a suspeita de alguma doença. É fundamental destacar que não há um único exame com 100% de eficácia capaz de detectar todos os tipos de câncer simultaneamente. Existem exames específicos e seguros dedicados à investigação de cada tipo de câncer. Por exemplo, o exame preventivo é indicado para o câncer de colo de útero, devendo ser realizado em determinadas condições, como idade, atividade sexual, histórico de parceiros, tabagismo, uso de preservativos e a decisão de receber ou não a vacina contra o HPV”, explica a especialista.
Rastreamento
O câncer de endométrio e o câncer de ovário não têm exames de rastreamento específicos e eficazes. Por outro lado, estão mais associados a síndromes hereditárias, ou seja, ao “câncer herdado”. A detecção precoce, ou seja, no início da doença quando ela se encontra dentro de certos limites, possibilita tratamentos menos agressivos e com grandes chances de cura.
Câncer e Genética
É fundamental compreender a diferença entre câncer hereditário e genética do câncer. A maioria dos cânceres resulta de alterações genéticas, sendo uma pequena parte deles hereditária. O câncer hereditário ocorre quando as células germinativas do DNA carregam alterações herdadas dos genitores, podendo ser transmitido à próxima geração. Por outro lado, essas alterações podem ocorrer em células somáticas, ficando restritas apenas ao indivíduo (câncer esporádico), relacionado ao envelhecimento e fatores ambientais. As células germinativas, responsáveis pela produção dos gametas (cromossomos X e Y), contêm metade dos cromossomos de ambos os genitores, fundindo-se durante a fecundação para formar o zigoto.
“Ao suspeitar de câncer hereditário, é crucial identificar o tipo que afetou o primeiro membro da família doente, antecipando que familiares possam ser afetados em outros membros. Para avaliação específica, testes moleculares são fundamentais, identificando genes com anomalias responsáveis pelo câncer e determinando se essas alterações podem ser transmitidas à prole”, explica a Dra. Mirian Hoeschl .
Algumas famílias têm predisposição a tipos específicos de câncer, como endométrio, intestino, mama e ovários. Nesses casos, medidas preventivas podem ser adotadas para evitar ou detectar precocemente a doença.
Prevenção
A médica da FEBRASGO ressalta que o câncer de colo de útero é um tipo de câncer que pode ser prevenido por meio de medidas simples, como a realização de exames preventivos, o uso de preservativos e a vacinação. Essas medidas têm o potencial de evitar o surgimento de lesões precursoras e avançadas, salvando muitas mulheres da mortalidade associada a esse tipo de câncer.
É crucial compreender que, embora seja bastante comum, o câncer de colo de útero não é transmitido geneticamente, mesmo entre mulheres da mesma família. Na maioria dos casos, a origem desse câncer está relacionada ao contato com certos tipos de HPV, ao tabagismo, à presença de parceiros múltiplos ou à falta de uso de preservativos (que minimizam o risco). Portanto, a vacinação de jovens adolescentes, tanto do sexo feminino quanto masculino, antes do início da vida sexual, é muito importante.
Qualidade de vida e atividade física
“Qualquer atividade física, quando realizada com bom senso e orientação adequada, contribui significativamente para a redução do risco de câncer, assim como uma alimentação balanceada. Cada biotipo possui um peso adequado e uma atividade física recomendada específica para cada mulher. Não existe uma abordagem única para todas; cada pessoa deve compreender seus próprios limites e, em colaboração com profissionais de nutrição e educação física, estabelecer o que é mais adequado para si. Além disso, é aconselhável realizar uma avaliação médica para prevenir problemas cardíacos, por exemplo”, finaliza a Dra. Mirian.
Hábitos de vida saudáveis, sem exageros, como a prática regular de atividade física bem orientada, sono adequado e uma alimentação equilibrada em proteínas, carboidratos, gorduras e vitaminas, aliados à abstenção do tabagismo e moderação no consumo de bebidas alcoólicas, não apenas reduzem o risco de câncer, mas também de outras condições como hipertensão, diabetes, insônia, depressão, entre outras.
Fonte: Jéssica Silva Cunegundes de Souza