Dieta cetogênica tem impactos positivos para o controle de doenças que afetam o cérebro

Dieta tem ganhado adeptos especialmente entre celebridades que apostam na alimentação para auxiliar na perda de peso

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A dieta cetogênica, marcada pelo alto consumo de gorduras e baixas quantidades de carboidratos e proteínas, vem atraindo seguidores, sobretudo entre celebridades, devido ao potencial de auxiliar na perda de peso.

Embora o emagrecimento seja um dos objetivos mais comuns para quem adota essa rotina alimentar, estudos crescentes apontam que os benefícios neuroprotetores da dieta, que favorecem a cognição e auxiliam no controle de doenças neurológicas, representam um ganho significativo para a saúde cerebral.




A base da dieta cetogênica consiste em uma ingestão de carboidratos restrita a cerca de 20 a 50 gramas por dia, conforme explica o endocrinologista e nutrólogo Durval Ribas Filho. Essa quantidade reduzida desencadeia um processo no organismo chamado cetose, em que a gordura se torna a principal fonte de energia, em substituição à glicose.

“Quando o corpo não dispõe de glicose suficiente, ele recorre à gordura para produzir energia, criando corpos cetônicos. A dieta cetogênica promove esse mecanismo para substituir a glicose como fonte primária de energia, favorecendo o uso dos corpos cetônicos, gerados pela degradação da gordura”, detalha Ribas Filho.




Esse processo é a chave para a fama da dieta como método de emagrecimento, embora as evidências sobre essa eficácia ainda sejam limitadas. Por outro lado, os benefícios para a saúde do cérebro são apoiados por uma gama de pesquisas. Uma revisão publicada no European Journal of Clinical Nutrition destaca que, embora a dieta seja popular para o controle de peso, novas pesquisas sugerem que ela também pode beneficiar condições neurológicas e cardiovasculares.

Origens e efeitos em doenças neurológicas

Inicialmente, a dieta cetogênica foi criada para o tratamento de epilepsia em crianças, particularmente aquelas com resistência a medicamentos. Um estudo da The Lancet Neurology revelou que a dieta reduziu as convulsões em 75% entre crianças epilépticas que a adotaram, e em 90% dos casos houve redução ainda mais acentuada.




“O cérebro consome muita glicose, mas com a dieta o corpo passa a utilizar corpos cetônicos, que o cérebro metaboliza de forma eficiente. No tratamento de crianças com epilepsia, houve grande sucesso na redução das convulsões, e atualmente observamos benefícios cognitivos para outras condições”, explica o endocrinologista Fabiano Serfaty.

Além da epilepsia, pesquisadores da Universidade de Deusto, na Espanha, conduziram uma revisão de 63 estudos para avaliar o impacto da dieta cetogênica em pacientes com Alzheimer, Parkinson e diabetes tipo 1. As doenças compartilham mecanismos, como estresse oxidativo e neuroinflamação, que podem ser amenizados pela cetose, conforme relatado na Nutrition Reviews.




“A dieta cetogênica não é uma cura milagrosa, mas o avanço das pesquisas sobre seus benefícios cognitivos nos ajuda a melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, concluíram os pesquisadores.

Estudos promissores em demência e Alzheimer

Uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins, publicada no Journal of Alzheimer’s Disease, analisou os efeitos da dieta cetogênica em idosos com comprometimento cognitivo leve. Embora os resultados tenham sido modestos, foram mensuráveis em testes de memória, sugerindo um potencial de mitigação da perda cognitiva.




Segundo Jason Brandt, professor e pesquisador envolvido no estudo, “essas descobertas iniciais indicam que mudanças na dieta podem ajudar a retardar o declínio cognitivo em estágios iniciais de demência, algo que centenas de medicamentos experimentais não conseguiram fazer nos testes clínicos”.

Brandt explica que no início da doença de Alzheimer, o cérebro perde parte de sua capacidade de metabolizar a glicose, o que torna os corpos cetônicos uma alternativa energética mais eficiente.




Acompanhamento profissional é essencial

Especialistas alertam que, devido à mudança significativa na forma como o organismo utiliza energia, a adoção da dieta cetogênica deve ser acompanhada por um profissional de saúde. Segundo Serfaty, a dieta pode causar efeitos como fadiga, dores de cabeça e alterações de humor nas primeiras semanas, até que o corpo se adapte ao novo padrão alimentar.

Ribas Filho ressalta a importância do monitoramento da saúde ao longo da dieta, especialmente para evitar deficiências nutricionais devido à baixa ingestão de carboidratos. Além disso, o médico alerta para as contraindicações: a dieta não é indicada para gestantes, pessoas com transtornos alimentares, e indivíduos com histórico de problemas renais, hepáticos ou cardiovasculares.




A dieta cetogênica, portanto, mostra-se uma alternativa promissora não apenas para o controle de peso, mas também para a saúde cognitiva, desde que adotada com responsabilidade e sob orientação médica.

Fonte: Guia Muriaé, com informações do Jornal Extra




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