Luta contra Aids – Brasil apresenta avanços na detecção e tratamento
No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, o Ministério da Saúde apresentou dados importantes do Boletim Epidemiológico de HIV e Aids de 2015 no país. A proporção de novos casos em relação ao total da população brasileira caiu 5,5% em um ano: de 20,8 casos por 100 mil habitantes em 2013 para 19,7 casos por 100 mil habitantes, em 2014. A redução é a maior nos últimos 12 anos de epidemia. O fato foi comemorado pelo ministro da Saúde, Marcelo Castro. “Esta é uma luta que começamos no Brasil há mais de 30 anos. Somos reconhecidos mundialmente pela forma que tratamos as pessoas acometidas pelo HIV”, declarou o ministro.
O incentivo ao diagnóstico e ao início precoce do tratamento, antes mesmo do surgimento dos primeiros sintomas da doença, refletem na redução da mortalidade e a morbidade pelo HIV.
Uma das ações mais expressivas no combate ao HIV e aids no país é o estabelecimento das metas 90-90-90. Estipuladas pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS), seu objetivo é testar 90% das pessoas, tratar 90% das diagnosticadas positivamente com o vírus e que, destas, 90% tenham carga viral indetectável até 2020.
O Brasil tem avançado rapidamente nestas metas, tendo alcançado melhoras significativas em todos os indicadores. No diagnóstico, o Brasil passou de 80%, em 2012, para 83%, em 2014, um aumento de cerca de 4%. A ampliação da testagem é uma das frentes da nova política de enfrentamento do HIV e aids no país. Em 2014, foram realizados 7,8 milhões de testes no país e até setembro de 2015 foram 9,6 milhões de testagens – um aumento de 22,4%.
Mesmo com os bons índices, algumas faixas ainda preocupam. A epidemia tem se concentrado, principalmente, entre populações vulneráveis e os mais jovens. Em 2004, a taxa de detecção entre jovens – de 15 a 24 anos – era de 9,5 casos a cada 100 mil habitantes, o que equivale a cerca de 3,4 mil casos. Já em 2014, esse número foi de 4,6 mil casos, representando um taxa de detecção de 13,4 casos por 100 mil habitantes, um aumento de 41% na taxa de detecção nessa população.
O crescimento da epidemia entre jovens não é um fenômeno apenas no Brasil. Fatores comportamentais levaram os jovens de todos os países a se exporem mais ao vírus. “Este é um fenômeno geracional que tem nos preocupado. Vários podem ser os fatores que levam a esse crescimento. Trata-se de uma geração muito mais liberal do que a anterior, em relação às questões sexuais. Além disso, é uma geração que não viveu o auge da epidemia de aids nos anos 80, quando muitos ídolos da juventude morreram de forma dramática”, avalia o diretor do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais, Fábio Mesquita.
Campanha
Durante a cerimônia do Dia Mundial de Luta contra a Aids também foi apresentada a nova campanha publicitária, com o slogan “Com o tratamento, você é mais forte que a aids”. As peças focam na importância do início do tratamento tão logo o paciente descubra ser soropositivo. O estudante Pierre Freitaz, 28 anos, é um dos personagens que estrelam a campanha. Soropositivo há 12 anos, conta que assumir a sorologia nacionalmente foi desafiador, mas reconhece a importância do ato. “Quando aceitei participar da campanha não tinha ideia do tamanho da responsabilidade do que eu faria. Minha ficha só caiu quando eu vim para a apresentação em Brasília. É muito forte imaginar que todos irão saber. Eu já tinha contado para os amigos, assumido publicamente em minhas redes sociais, mas é muito diferente. É muito importante a representatividade dos jovens nessa campanha. De mostrar que é possível lutar contra os preconceitos e estigmas”, conta.
A psicóloga Tamilys Lirio, de 25 anos, também participa da ação. Suas fotos de jovens vivendo com HIV e jovens ativistas estão na exposição Vida, HIV e Juventude. “É muito importante mostrar representatividade para os jovens, conversar. Muitas vezes o adolescente não tem diálogo na família e procura os amigos ou as redes sociais para se informar. Por isso essa campanha é tão necessária”, conta Tamilys.
Fonte: Blog da Saúde