Novos medicamentos para hepatite C começam a ser distribuídos no SUS

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Foi com lágrimas nos olhos que a dona de casa Helenisar Campos Cabral Salomão recebeu do ministro da Saúde, Marcelo Castro, os novos medicamentos para o tratamento da hepatite C. “Eu só tenho a agradecer os esforços que vocês tiveram para nos trazer estes remédios. Se vocês estão felizes por ser possível esta entrega, imagine eu que serei beneficiada e que terei minha saúde, alegria e esperança de volta”, disse.




Helenisar acha que a contaminação pelo vírus da hepatite C aconteceu após uma transfusão de sangue feita em 1984, quando ainda não havia teste instituído para a doença. O diagnóstico veio por acaso, anos depois, quando foi doar sangue para uma amiga. Desde então, a dona de casa busca tratamento. “Dizer que ter uma patologia desta e nada ficar diferente é ilusório. É muito complicado conviver com uma doença que não se consegue a cura. Foi muito difícil para mim passar por um tratamento de um ano, que é complicado e doloroso, e receber a notícia que não estava curada”, conta.

A nova terapia, ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), vai beneficiar cerca de 30 mil pacientes. O Ministério da Saúde já iniciou a distribuição das novas drogas sofosbuvir e daclatasvir, que chegarão a todos os estados do país até novembro. Elas aumentam as chances de cura e diminuem o tempo de tratamento aos pacientes com hepatite C. As evidências científicas apontam que os novos medicamentos apresentam um percentual maior de cura (até 90%), tempo reduzido de tratamento (passa das 48 semanas atuais para 12 semanas de tratamento) e a vantagem do uso oral. São medicamentos de menor toxicidade, com menos efeitos colaterais. Além disso, as novas medicações também vão beneficiar pacientes que não podiam receber os tratamentos ofertados anteriormente, entre eles os portadores de coinfecção com o HIV, cirrose descompensada, pré e pós-transplante e pacientes com má resposta à terapia com Interferon, ou que não se curaram com tratamento anterior.




Os dois medicamentos atendem a cerca de 80% das pacientes que farão uso da nova terapia, composta também pelo Simeprevir, cuja distribuição, pelo Ministério da Saúde, está prevista para o mês de dezembro.

“Todos os brasileiros que preencham os requisitos para ter acesso ao novo tratamento receberão os medicamentos. Este é um momento histórico para a saúde pública brasileira que passa a ofertar um tratamento revolucionário e inovador. Estamos fazendo um grande esforço para assegurar este benefício”, afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Castro.




Atualmente, a cada ano, quase 10 mil casos de hepatite C são notificados no SUS. Estima-se que a infecção seja responsável por 350 e 700 mil mortes por ano no mundo. No Brasil, são registrados cerca de três mil mortes associadas à hepatite C.

A hepatite C é causada pelo vírus C (HCV). A transmissão se dá, dentre outras formas, por meio de transfusão de sangue, compartilhamento de material para uso de drogas, objetos de higiene pessoal como lâminas de barbear e depilar, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam na confecção de tatuagem e colocação de piercings.




Sem diagnóstico até 1993, a hepatite C é uma doença de poucos sintomas. Com os exames disponíveis atualmente no SUS esse diagnóstico já pode ser feito facilmente. Desde 2011 o país também distribui testes rápidos para a hepatite C. Naquele ano, foram distribuídos 15 mil testes, já em 2014 o número saltou para 1,4 milhão de testes. Este ano, está prevista uma compra de 8,6 milhões de testes a serem distribuídos nos próximos anos. Além dos exames já disponíveis, a Elastografia Hepática Ultrassônica, um novo exame para avaliar o grau de comprometimento do fígado dos pacientes com hepatite C, está sendo incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O Brasil é um dos únicos países em desenvolvimento no mundo que oferece prevenção, diagnóstico e tratamento universal para as hepatites virais em sistemas públicos e gratuitos de saúde. O SUS garante o acesso aos medicamentos de combate à doença para todos os pacientes diagnosticados e com indicação de tratamento medicamentoso. Vale ressaltar que, nem todas as pessoas que contraíram o vírus, precisam ser medicadas, sendo uma recomendação estabelecida por protocolo e avaliação médica.




Fonte: Gabriela Rocha / Blog da Saúde




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