Óleo se recicla? Pode fritar com azeite? Os mitos sobre gordura
Como existem em tantas variedades, saiba quais são as opções mais saudáveis para serem utilizadas na cozinha
Um consenso entre especialistas tem alertado sobre os riscos à saúde associados à prática comum de reutilização de óleo de cozinha após o processo de fritura. Diversos estudos apontam que o reaproveitamento do óleo pode resultar na formação de substâncias prejudiciais ao organismo humano, aumentando o risco de desenvolvimento de doenças crônicas e até mesmo câncer.
Segundo autoridades da Federação Nacional de Produtores de Dendê da Colômbia (Fedepalma), quando o óleo atinge seu ponto de fusão durante o processo de fritura, ele começa a se decompor, liberando radicais livres e outros subprodutos nocivos à saúde. Entre esses subprodutos, destaca-se a acroleína, uma substância tóxica associada a sintomas como dor de cabeça, náusea, vômito, diarreia e, a longo prazo, ao aumento do risco de câncer e doenças inflamatórias intestinais.
Além disso, estudos apontam que o reaproveitamento do óleo pode contribuir para o envelhecimento celular, problemas imunológicos, artrite, catarata e dificuldades na absorção de nutrientes pelo organismo. A formação de compostos parcialmente hidrogenados, como os ácidos graxos trans, também é uma preocupação, pois essas substâncias podem aumentar o colesterol ruim (LDL) e reduzir o colesterol bom (HDL), contribuindo para o acúmulo de triglicerídeos no sangue.
No entanto, há controvérsias em relação ao impacto direto do óleo reutilizado nos níveis de colesterol no sangue. Alguns especialistas, como Elton Bicalho, vice-presidente do Conselho Regional de Nutricionistas da 4ª Região, destacam que fatores genéticos, comportamentais e estilo de vida desempenham um papel mais significativo nesse aspecto. Para esses profissionais, apenas cerca de 30% dos níveis de colesterol são influenciados pela alimentação, enquanto o restante está relacionado a outros fatores, como sedentarismo e tabagismo.
Apesar das divergências, a recomendação geral dos especialistas é evitar o reaproveitamento do óleo de cozinha, optando por descartá-lo adequadamente após o uso. Essa prática pode contribuir para a preservação da saúde e prevenir o surgimento de problemas associados à ingestão de substâncias nocivas presentes no óleo reutilizado.
Qual é o melhor óleo para a cozinha? O que fazer ao ingerir óleo reutilizado?
Na busca por uma alimentação saudável, a escolha do óleo de cozinha pode ser crucial. Entre as opções disponíveis, o azeite desponta como uma escolha popular, sendo amplamente reconhecido por seus potenciais benefícios à saúde. Estudos indicam que o consumo regular de azeite, especialmente o extra virgem, está associado a uma redução nos riscos de doenças cardíacas, derrames e diversos tipos de câncer, além de contribuir para a cognição e reduzir o risco de diabetes tipo 2.
Por outro lado, o óleo de coco, apesar de sua popularidade recente, é alvo de controvérsias. Sua alta concentração de gorduras saturadas tem gerado debates sobre seus verdadeiros benefícios à saúde, com alguns estudos sugerindo que pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares.
O óleo de canola surge como uma alternativa interessante, pois apresenta baixo teor de gorduras saturadas e é rico em ácidos graxos insaturados, podendo contribuir para a redução do colesterol total e melhorar a sensibilidade à insulina.
Segundo especialistas como o nutricionista Elton Bicalho, os óleos de canola e soja são mais indicados para processos de fritura devido aos seus pontos de fusão mais elevados, o que os torna mais estáveis em altas temperaturas.
No entanto, a prática de reutilizar óleo de cozinha após o processo de fritura é fortemente desencorajada pelos especialistas, devido aos riscos à saúde associados a essa prática. Consumir óleo reaproveitado pode levar à ingestão de substâncias nocivas, como a acroleína, que pode causar uma série de problemas de saúde, desde sintomas gastrointestinais até o desenvolvimento de doenças crônicas.
Para quem opta por reutilizar o óleo, especialistas recomendam consumir alimentos ricos em fibras para auxiliar na eliminação das substâncias nocivas do organismo. Além disso, é essencial descartar corretamente o óleo usado, evitando o despejo na rede pública de esgoto e optando por empresas especializadas na coleta de resíduos.
Em suma, a escolha do óleo de cozinha deve ser feita levando em consideração não apenas o sabor e a versatilidade, mas também os potenciais impactos à saúde, buscando sempre a opção que melhor se adeque às necessidades individuais e aos objetivos de uma dieta equilibrada.
Fonte: Guia Muriaé, com informações do Globo