Omeprazol: os riscos de tomar o remédio por muito tempo
A classe dos inibidores da bomba de prótons ajuda a reduzir a acidez estomacal, mas na maioria das vezes esses medicamentos devem ser usados por períodos curtos, de no máximo dois ou três meses.
Disponível há mais de três décadas no mercado farmacêutico, o omeprazol se tornou um alívio bem-vindo para aqueles que sofrem com a queimação no estômago e no peito causada pelo excesso de acidez. No entanto, a popularidade desse medicamento, juntamente com outros inibidores da bomba de prótons (IBPs), levanta questões importantes sobre o seu uso prolongado.
Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) revelam que, somente em 2022, mais de 64,9 milhões de unidades de omeprazol foram consumidas no Brasil. Embora esses medicamentos sejam amplamente utilizados, muitos desconhecem que, em geral, seu uso deve ser limitado a curtos períodos, geralmente de dois a três meses, a menos que haja orientação médica específica.
Quando a acidez se torna um problema
Em nosso estômago, a acidez desempenha um papel fundamental na digestão. Os sucos gástricos altamente ácidos quebram os alimentos em pedaços menores, que são posteriormente absorvidos pelo intestino delgado. No entanto, em algumas pessoas, a produção de ácido gástrico ultrapassa os limites, tornando-se corrosiva para o sistema digestivo.
Esse excesso de acidez pode resultar em gastrite e úlceras para algumas pessoas, enquanto outras sofrem de refluxo gastroesofágico devido a um defeito na válvula que separa o estômago e o esôfago. Nesse caso, o ácido estomacal sobe em direção ao peito e à garganta, causando azia, queimação e outros sintomas desconfortáveis.
Para lidar com essas questões, os IBPs, como o omeprazol, são frequentemente prescritos, pois reduzem a acidez gástrica. Embora esses medicamentos proporcionem alívio, eles não tratam a causa subjacente desses problemas.
Os Riscos do Uso Prolongado
O tratamento com IBPs pode variar de quatro a oito semanas, mas muitas pessoas prolongam seu uso sem orientação médica. Isso é facilitado pelo fato de esses medicamentos estarem amplamente disponíveis para o consumidor final, embora muitas vezes requeiram prescrição.
O uso prolongado e não supervisionado desses medicamentos pode levar a sérias consequências à saúde. Alguns estudos associam o uso contínuo de IBPs à osteoporose, um enfraquecimento progressivo dos ossos que aumenta o risco de fraturas.
Além disso, pesquisas recentes sugerem um aumento de 45% no risco de câncer de estômago entre usuários frequentes de omeprazol em comparação com aqueles que usam outros medicamentos, como bloqueadores de H2.
Outros estudos mais antigos observaram que os IBPs interferem na absorção da vitamina B12, essencial para a função cerebral. Essa descoberta levanta preocupações sobre a possibilidade de o uso prolongado desses medicamentos contribuir para quadros de demência, especialmente em idosos.
No entanto, especialistas enfatizam que essas evidências ainda não são conclusivas e requerem mais investigação.
O que fazer na prática
Para aqueles que necessitam do uso contínuo de IBPs devido a condições médicas específicas, como pacientes oncológicos ou terapias com anti-inflamatórios, os profissionais de saúde devem fazer uma avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios.
No entanto, aqueles que tomam IBPs por conta própria há meses ou anos devem evitar interromper abruptamente o tratamento, pois isso pode causar desconforto.
Em vez disso, especialistas recomendam um “desmame” gradual com supervisão médica para corrigir o equilíbrio do pH estomacal. Paralelamente, medidas comportamentais, como não deitar-se imediatamente após as refeições e elevar a cabeceira da cama, podem ajudar a controlar os sintomas de refluxo.
Em última análise, a mensagem importante é que o uso de IBPs deve ser supervisionado por um profissional de saúde e não deve ser prolongado sem orientação adequada. Cada caso deve ser avaliado individualmente para determinar a melhor abordagem terapêutica e minimizar os riscos à saúde.
Fonte: Guia Muriaé, com informações da BBC