Raio X do Câncer no Brasil: faltam recursos, gestão e equipamentos para os tratamentos
A Associação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Combate ao Câncer (Abificc) divulgou um importante texto que fala um pouco sobre a realidade do tratamento contra o câncer no Brasil.
O dia 4 de fevereiro foi o Dia Mundial de Combate ao Câncer, mas no Brasil não há muito o que se comemorar nesta data. Para o Instituto Nacional do Câncer, o Inca, nos próximos quatro anos essa doença deverá se tornar a principal causa de morte de brasileiros. Atualmente, o câncer já é a segunda doença que mais mata no país e para 2016, estão previstos o aparecimento de cerca de 600 mil novos casos.
Muitos brasileiros estão perdendo a batalha contra o câncer porque não há recursos. Cerca de 75% dos doentes dependem do SUS e os hospitais beneficentes e as Santas Casas são grandes responsáveis por este atendimento. As 27 entidades filiadas à Abificc representam 24% de todo tratamento realizado no Brasil. No Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho, por exemplo, são 30 mil pessoas em tratamento e mil novos casos chegam todo mês. Os tipos de câncer mais comuns são de pele não melanoma, próstata, cólon, pulmão.
Os brasileiros que precisam de tratamento contra o câncer pelo SUS encontram uma sucessão de obstáculos que podem comprometer qualquer esforço. O déficit dos hospitais chega a ser de 30%. “O poder público não investe na saúde o valor necessário para se realizar um tratamento oncológico e, com isso, ainda há muitas pessoas que não conseguem atendimento rápido e de qualidade”, explica o presidente da Abificc, Pascoal Marracini.
Apesar de uma lei determinar o início do tratamento em até 60 dias depois do diagnóstico, não é isso que acontece na prática, a situação é crítica em todos os estados do Brasil. No caso do Amapá e de Roraima não existe equipamento de radioterapia. A região do Nordeste só tem 30% da cobertura de radioterapia recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Não há uma rede de atendimento de tratamento oncológico completo em todas as regiões do país, por isso muitas pessoas têm que se deslocar para outras cidades e estados.
Para o presidente da Abificc, o SUS é um sistema muito bem estruturado, o problema é a burocratização existente nele. “O câncer não pode ficar esperando essa burocracia. Ele avança rapidamente”, afirma Pascoal Marracini.
Fonte: Fundação Cristiano Varella / Abificc