SES-MG promove seminários internacionais sobre Atenção às Condições Crônicas

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As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) lideram as causas de óbito no país, ultrapassando as taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias.

Cerca de 250 profissionais e estudiosos da atenção à saúde são esperados em dois seminários internacionais que a Secretaria de Estado de Saúde promove nos dias 11 e 12 de novembro na Associação Médica de Minas Gerais.




O Primeiro Seminário de Atenção às Condições Crônicas, que acontece no dia 11, terá palestras e mesas redondas que vão abordar experiências e desafios da assistência a doenças como hipertensão e diabetes que acometem uma parcela crescente da população a cada ano em todo o mundo. Serão debatidas as experiências de Brasil, Canadá, Cuba e Chile no enfrentamento e implantação de políticas de atenção a doenças crônicas.

A conferência de abertura será ministrada pelo Diretor do Instituto Vasco de Inovação Sanitária, Roberto Nuño Solinis, que fala sobre “o desafio das condições crônicas e como respondê-lo: análise numa perspectiva internacional”.




No dia 12, os participantes acompanham o III Seminário do Laboratório de Inovação das Condições Crônicas de Santo Antônio do Monte que também conta com palestras e troca de experiências na atenção as doenças crônicas. Entre os temas a serem abordados estão as novas tecnologias utilizadas no atendimento a doenças crônicas e a organização da assistência nos níveis primário e ambulatorial.

Os seminários serão um rico espaço de troca de experiências e conhecimento entre os profissionais das diferentes nacionalidades, com debates sobre os principais desafios e as inovações que chegam para saná-los.




Cenário das doenças crônicas Brasil e Minas

Seguindo uma tendência mundial, têm-se observado no Brasil, nas últimas décadas, os processos de transição que produziram e, ainda, produzem grandes mudanças no perfil das doenças que acometem a população. Neste cenário, doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) passam a liderar as causas de óbito no país, ultrapassando as taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias.




Em Minas Gerais, no ano de 2010, ocorreram 120.803 óbitos, dos quais 33.368 mortes (30,7%) foram devido às doenças do aparelho circulatório. Nesse período observou-se que as principais DCNT (neoplasias, doenças do aparelho circulatório, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), insuficiência renal crônica, doenças relacionadas ao consumo de álcool) foram responsáveis por mais da metade do total de óbitos ocorridos no estado em 2010 (52%).

De acordo com o Estudo de Carga de Doenças, produzido pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) em parceria com a Fiocruz, às doenças crônicas em Minas Gerais assumiram uma importância indiscutível no cenário epidemiológico, pois lideram as causas de morbimortalidade. O grupo de Doenças Não Transmissíveis foram ao que mais contribuíram para a morte prematura, 66% e 76% dos anos perdidos ajustados por incapacidade.




Nas últimas décadas, as mudanças no padrão de saúde, o consumo alimentar da população, aumento do sedentarismo apontaram para um novo padrão de consumo. A urbanização, a globalização e a renda também contribuíram para essa mudança.

A dieta habitual dos brasileiros é composta por diversas influências e atualmente é fortemente caracterizada por uma combinação de uma dieta dita “tradicional” (baseada no arroz com feijão) com alimentos classificados como ultraprocessados, com altos teores de gorduras, sódio e açúcar e com baixo teor de micronutrientes e alto conteúdo calórico.




O consumo médio de frutas e hortaliças ainda é metade do valor recomendado pelo Guia Alimentar para a população brasileira e manteve-se estável na última década, enquanto alimentos ultraprocessados, como doces e refrigerantes, têm o seu consumo aumentado a cada ano.

As diferenças de renda são expressas no padrão de consumo alimentar dos diferentes estratos. A dieta dos brasileiros de mais baixa renda apresenta melhor qualidade, com predominância do arroz, feijão aliados a alimentos básicos como peixes e milho. A frequência de alimentos de baixa qualidade nutricional, como doces, refrigerantes, pizzas e salgados fritos e assados, tende a crescer com o aumento da renda das famílias.




As novas tecnologias também contribuíram de forma significativa para a redução da atividade física, como os controles remotos e os telefones celulares, que se tornam cada vez mais presentes no estilo de vida moderno. O hábito de ver televisão também parece desempenhar um papel importante na etiologia da obesidade.

Alimentação




A alimentação adequada e o estímulo à atividade física regular são fatores primordiais no contexto das DCNT e que estão totalmente inseridos no processo de promoção e proteção da saúde da população com a qualidade de vida.

Em Minas Gerais, em 2013 o perfil nutricional da população adulta, de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC), aponta que há 3,75% de desnutridos, 42,78% de eutróficos, 31,72% de sobrepeso e 21,75% de obesidade (Fonte de dados SISVAN-Web).




Já pelo mesmo sistema até o momento em 2014 o perfil aponta que há 3,82% de desnutrição 37,5% de eutrofia, 33,68% de sobrepeso e 25,01% de obesidade.

A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônica (Vigitel), realizada em 2013 concluiu que 47% de adultos possuíam excesso de peso e 15% obesidade na capital de Minas Gerais, Belo Horizonte.

A mesma pesquisa mostra que em relação ao consumo alimentar, verifica-se que o consumo de frutas e hortaliças tem aumentado de 2008 para a última pesquisa (2013), mas apenas 30% dos adultos que moram em Belo Horizonte possuem o consumo considerado como o ideal (5 ou mais porções por dia, 5 vezes na semana). Além disso, 23,3% assumem o consumo de refrigerantes, 31% de carne com excesso de gorduras e 53,5% consumem leite com teor integral de gorduras.

Assim, percebe-se que o sobrepeso e obesidade tem aumentado em Minas Gerais, caracterizando a transição nutricional, bem com o consumo alimentar ainda não é o ideal, fatores que contribuem para o aumento nas doenças crônicas não transmissíveis.

Atividade física

Quanto a atividade física, o percentual de pessoas que praticam atividades físicas durante o tempo livre passou de 30,3% para 33,8% nos últimos cinco anos, revelou a pesquisa Vigitel 2013. Isso representa um crescimento de 11% no número de pessoas que no tempo livre praticam exercícios.

Em Belo Horizonte, o Vigitel 2013, 35,9% dos adultos acima de 18 anos realizando atividade física durante o tempo livre. Destacando para essa pesquisa que 15,3% dos adultos (acima de 18 anos) relaram ser inativos fisicamente e 24,2% dos pesquisados assistirem 3 ou mais horas diárias de TV em Belo Horizonte.

Laboratório de Inovação das Condições Crônicas

O Laboratório de Inovação das Condições Crônicas (LIACC) é fruto de uma parceria entre a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais e a Prefeitura de Santo Antônio do Monte. As pesquisas e ações desenvolvidas pelo laboratório são referência nacional em experiências e integração da Atenção Primária com a Atenção Secundária e Vigilância em Saúde.

O LIACC é definido como espaço de produção e disseminação de conhecimentos relativos aos cuidados das condições crônicas pelas equipes de Atenção Primária de Saúde (APS). Nesse espaço são desenvolvidas e testadas soluções práticas e inovadoras, como novos instrumentos para o cuidado, a gestão da clínica, a gestão do caso, aplicados pelas equipes multiprofissionais de APS no manejo das condições crônicas.

Fonte: SES-MG

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