Vírus respiratório: 95% dos casos são em crianças de 0 a 4

Vírus sincicial respiratório é mais frequente no outono e no inverno e pode ser fatal em bebês, crianças e idosos. Nos últimos anos, infecções também foram registradas em níveis altos fora da época. Para especialista, Covid-19 "bagunçou" a sazonalidade do VSR.

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Foto: Yanadjan / Adobe Stock
Coriza, tosse, febre, mal-estar. Esses são sintomas que podem indicar apenas um resfriado, mas o quadro também é provocado pelo vírus sincicial respiratório (VSR), agente causador de doenças como a bronquiolite, inflamação que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões.

Provocada por vírus, a doença ocorre sazonalmente, sendo sua incidência mais frequente nos meses de outono e inverno no Brasil, principalmente em crianças até 2 anos de idade. A Fiocruz faz um alerta para a prevenção e o diagnóstico para evitar casos graves.




“Quando os sintomas evoluem para o chiado no peito (sibilância) e esforço respiratório, a criança deve ser rapidamente levada ao pronto atendimento pediátrico para avaliação médica. O quadro pode ou não evoluir para uma insuficiência respiratória, podendo ser necessário internação hospitalar e uso de oxigênio por meio de ventilação não invasiva ou invasiva”, informa Flavia A. Anisio de Carvalho, alergista e imunologista no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

O VSR é responsável por até 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Ainda não existe vacina contra a doença, mas o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, desde 2013, o medicamento palivizumabe – indicado especialmente para bebês prematuros extremos, aqueles com cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica, casos em que a infecção costuma ser mais grave.




O vírus sincicial respiratório (VSR) esteve presente em 30% dos casos de doenças respiratórias registradas no Brasil nos primeiros três meses de 2023. Entre janeiro e março, foram mais de 3,3 mil infecções – dessas, 95% atingiram apenas bebês e crianças de 0 a 4 anos.

Prevenção e tratamento




O vírus é muito contagioso, sendo transmitido pelo ar, por toque e por objetos contaminados. A prevenção é similar às outras infecções de causa viral, incluindo a covid-19. A médica reforça a importância de evitar ambientes fechados e com aglomeração de pessoas – sobretudo nos primeiros três meses de vida. Manter os ambientes com ventilação adequada, lavar as mãos com sabão ou usar álcool em gel, além de máscaras são outras medidas que favorecem a redução da transmissão viral.

O crescimento do VSR, assinala Flávia Carvalho, ocorre em um momento de redução da circulação do coronavírus, sendo importante manter a atenção para outras infecções respiratórias, que também podem levar à quadros graves com necessidade de internação em UTI. “Com a pandemia e o período de isolamento social, o VSR e outros vírus tiveram sua circulação quase interrompida, devido ao uso de máscara e de medidas de higiene mais constantes”, assinala. Além disso, diminuir o contato com crianças e adultos infectados é mais uma forma de prevenção.




Com relação à mãe que amamenta, a recomendação é o uso de máscara e higiene adequada das mãos, especialmente se apresentar sintomas catarrais, como tosse, coriza e obstrução nasal. “Ela pode e deve amamentar”, ressalta a especialista. “Além disso, não há indicação de interromper a amamentação, estando indicada até pelo menos dois anos de idade, sendo o único alimento necessário para o bebê até os 6 meses de vida”, afirma.

Mesmo não havendo vacina contra o vírus, a especialista faz um alerta para que os familiares mantenham o calendário vacinal em dia. “É preciso vacinar contra a gripe, os bebês a partir dos 6 meses, já que o vírus influenza é outra causa de infecção pulmonar potencialmente grave”, destaca. Ela assinala ser fundamental manter as outras vacinas em dia, a fim de evitar a transmissão de doenças imunopreveníveis às crianças.




Na maioria dos casos, a doença apresenta sintomas leves, que variam entre sete e 12 dias. O tratamento é feito em casa por meio de medidas gerais de suporte, como antitérmicos em caso de febre, e medidas para desobstrução nasal, como inalações com soro e a lavagem nasal. Em alguns casos, podem estar indicados broncodilatadores e nebulização com salina hipertônica. “Esse tipo de nebulização, feita com soro mais salgado, faz com que o muco seja expectorado com mais facilidade, desobstruindo as vias aéreas”, explica. Em casos mais graves, nos quais a criança apresenta dificuldade respiratória, o tratamento é hospitalar, podendo ser empregada a oxigenioterapia”, realça.

Boletim Infogripe




Nos primeiros quatro meses do ano, o Ministério da Saúde notificou mais de 3,5 casos de SRAG causados pelo vírus sincicial, sendo as crianças menores de 4 anos as mais atingidas. Dados do Boletim do InfoGripe, divulgado no dia 5 de maio, mostram o aumento nos casos associados ao VSR em crianças de 0 a 4 anos e um aumento nos casos de rinovírus.

Na faixa etária de 5 a 11 anos, observa-se o aumento na detecção de outros vírus respiratórios no mês de março, predominando o rinovírus. A Fiocruz salienta que a proteção vacinal é importante para reduzir as chances de infecções das vias aéreas, bem como possíveis complicações.




Mitos e verdades sobre o VSR

Veja a seguir mitos e verdades sobre bronquiolite, com a finalidade de esclarecer algumas dúvidas de pacientes.




A bronquiolite pode levar à pneumonia?
VERDADE. Os vírus também são capazes de causar pneumonia. Além disso, a virose pode facilitar infecção por bactérias, podendo ocorrer pneumonia bacteriana secundária ao quadro. Por isso, os familiares devem estar atentos a qualquer piora dos sintomas, buscando atendimento médico.

O tempo frio e seco provoca a transmissão de doenças?
FALSO. As baixas temperaturas não são a causa das doenças respiratórias, mas criam condições melhores para a disseminação do vírus, pois há uma tendência maior de concentração em lugares fechados ou com pouca ventilação de ar e grande circulação de pessoas.




A bronquiolite pode levar à morte?
VERDADE. Sim, principalmente em bebês nos primeiros meses de vida e em pacientes com comorbidades (ex.: prematuros), já que a doença pode acometer de forma grave os pulmões, causando insuficiência respiratória.

Quem teve bronquiolite na infância terá bronquite ou asma na vida adulta?
FALSO. Todas essas doenças têm como consequência o chiado no peito, podendo, então, ser confundidas. No entanto, a bronquiolite é uma doença infecciosa que gera uma inflamação nos bronquíolos. Já a asma, é uma doença inflamatória crônica, com diferentes graus de acometimento. Por sua vez, a bronquite é caracterizada pela inflamação dos brônquios, e pode ter origem viral ou bacteriana. São doenças com sintomas parecidos, mas que não têm tanta relação entre si.

O vírus também pode acometer adultos?
VERDADE. O vírus pode atingir pessoas de qualquer idade, mas os quadros mais graves ocorrem com em crianças pequenas, especialmente os menores de 6 meses, além de pessoas idosas.

Fonte: Fiocruz

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